Medida deve dar aos alemães o segundo maior salário mínimo da UE, depois de Luxemburgo. Expectativa do governo é que aumento da renda estimule o consumo e a economia do país.Uma comissão nomeada pelo governo em Berlim anunciou nesta sexta-feira (27/06) que a Alemanha deve aumentar seu salário mínimo para 14,60 euros (R$ 93,65) por hora até 2027. A medida visa dar um novo impulso à combalida economia alemã.
O acréscimo ocorrerá em duas etapas. O salário será aumentado dos atuais 12,82 euros por hora para 13,90 euros por hora no início de 2026. Um ano depois, aumentará em mais 70 centavos de euro.
Isso significa que os trabalhadores alemães que trabalham em tempo integral deverão receber um mínimo de cerca de 2.500 euros por mês.
Esse valor deve se tornar o segundo maior salário mínimo da União Europeia (UE), depois de Luxemburgo, onde o rendimento mínimo mensal é de 2.638 euros.
Apenas outros três países da UE também têm um salário mínimo nacional superior a 2.000 euros por mês: Bélgica, Holanda e Irlanda.
Quem decidiu aumentar o salário mínimo?
A Comissão do Salário Mínimo da Alemanha é composta por representantes de sindicatos e empregadores. O colegiado vota sobre os reajustes do valor a cada dois anos.
A decisão sobre o novo nível salarial foi tomada por unanimidade por trabalhadores e empregadores, disse a presidente da comissão, Christiane Schoenefeld. Ela saudou a "decisão consensual" alcançada apesar da pressão política e das condições difíceis "dada a situação econômica estagnada e as previsões incertas".
A partir de agora, a proposta da comissão deverá ser implementada pelo Ministério do Trabalho.
O Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda – parceiro da conservadora União Democrata-Cristã (CDU), do chanceler federal Friedrich Merz, na coalizão de governo –, que defendeu aumento do salário mínimo durante a campanha para as eleições de fevereiro, queria um acréscimo para 15 euros/hora.
A medida deverá aumentar os custos trabalhistas para as empresas, mas ajudará os trabalhadores afetados pela alta inflação dos últimos anos, que, por sua vez, podem ser tentados a começar a gastar mais.
Proposta agrada trabalhadores e patrões
"Pode-se presumir que esse dinheiro irá direta e integralmente para o consumo, apoiando a economia de forma sustentável", disse Steffen Kampeter, chefe da Federação das Associações de Empregadores Alemães.
O sindicato dos trabalhadores do setor de serviços, Verdi, classificou o aumento como "uma melhoria financeira considerável para os trabalhadores do setor de baixa renda".
Após dois anos consecutivos de recessão na Alemanha, diversos institutos econômicos preveem um retorno hesitante ao crescimento em 2025.
A chefe do Conselho de Especialistas Econômicos, Monika Schnitzer, comemorou o que chamou de "sábia decisão". Ela afirmou à revista alemã Der Spiegel que os aumentos graduais dariam tempo à economia para se ajustar.
"Estamos saindo de uma fase em que a inflação subiu muito acentuadamente, enquanto o salário mínimo teve um aumento apenas moderado", disse Schnitzer, acrescentando que os salários agora estão acompanhando o aumento do custo de vida.
"Parceria social em ação"
"É positivo que a Comissão do Salário Mínimo tenha chegado a um consenso", disse o secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, à agência de notícias alemã DPA.
"Isto é uma parceria social em ação e mostra que a comissão funciona. A fixação de salários continuará no futuro sendo um assunto para os parceiros na negociação coletiva."
O anúncio da comissão ocorre em um momento em que cada vez mais trabalhadores na Alemanha dependem de auxílios do Estado para sobreviver.