""DinheiroMinistra alemã defende ideia apresentada por Fernando Haddad no G20 para financiar projetos de combate à fome e às mudanças climáticas. "Há riqueza e dinheiro suficientes no mundo", disse Svenja Schulze.A ministra alemã do Desenvolvimento, Svenja Schulze, endossou nesta quinta-feira (25/04) uma proposta do governo brasileiro de taxar os super-ricos do mundo para financiar a proteção do clima e o combate às desigualdades sociais.

"Os bilionários são responsáveis pelas maiores pegadas de carbono, mas continuam a contribuir muito pouco para uma solução", disse Schulze durante um encontro em Berlim do qual a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, também participa.

A ideia de taxação dos super-ricos foi apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na abertura da 1ª reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, no final de fevereiro, quando ele defendeu uma "tributação justa" dos bilionários.

"Há riqueza e dinheiro suficientes no mundo"

"O mundo está passando por ondas recordes de calor, temporais e chuvas. Ele precisa agora de esforços recorde pela proteção climática global", afirmou Schulze. "Dinheiro público, sozinho, não irá bastar nunca para cobrir a necessidade de investimentos climáticos. Ao mesmo tempo, há riqueza e dinheiro suficientes no mundo. Por isso é tão importante a iniciativa da presidência brasileira do G20 para finalmente taxar os super-ricos de forma justa."

Segundo a social-democrata, a reforma do Banco Mundial assegurou 70 bilhões de dólares (R$ 362 bilhões) adicionais em investimentos nos próximos anos em proteção climática e outros desafios globais.

O evento em Berlim, com duração de dois dias, reúne representantes de 40 países – incluindo as nações do G20 – e a cúpula do governo alemão, com a presença do chanceler federal, Olaf Scholz; do vice-chanceler e ministro da Economia e Proteção Climática, Robert Habeck, e da ministra do Exterior, Annalena Baerbock.

Um dos objetivos do encontro é preparar a participação alemã na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 29) no Azerbaijão, em novembro deste ano.

O que diz a proposta brasileira

O Brasil está à frente do G20 desde dezembro de 2023, permanecendo até novembro deste ano. O grupo reúne as vinte maiores economias do mundo, além da União Europeia (UE) e da União Africana.

Segundo Haddad, a proposta para taxar os super-ricos constituiria um terceiro pilar para a cooperação tributária internacional. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) trabalha em uma solução de dois pilares, que inclui, por exemplo, a tributação de empresas multinacionais com lucros bilionários.

Ao apresentar a ideia ao G20, o ministro disse que os países ricos devem olhar para os mais vulneráveis e pensar em soluções globais, e não apenas domésticas, ou seja, devem contribuir com propostas para a redução da pobreza no mundo.

Na semana passada, enquanto cumpria uma série de agendas em Washington, nos EUA, Haddad voltou a falar sobre o tema, destacando a urgência de implementar a tributação dos super-ricos visando a captação de recursos para combater a fome global e as mudanças climáticas.

Prioridade do Brasil no G20

O ministro deixou claro que esta será uma prioridade durante a presidência do Brasil no G20, e disse que um grupo de trabalho está sendo organizado para especificar a aplicação dos recursos arrecadados.

Segundo Haddad, o objetivo é combater a insegurança alimentar e facilitar a transição para uma economia sustentável. Ele também destacou a necessidade de um consenso global até o final do ano, o que, segundo disse, representaria um marco histórico na cooperação internacional em prol da justiça fiscal.

rc/ra (AFP, EPD, KNA, DPA, ots)