27/05/2024 - 14:07
O ex-policial militar Ronnie Lessa detalhou pela primeira vez durante uma delação premiada o plano para assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) no dia 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro, e contou sobre os supostos mandantes do crime, que também resultou na morte do motorista Anderson Gomes.
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No vídeo da delação, obtido com exclusividade pelo “Fantástico”, da TV Globo, Lessa revelou que, além de Marielle, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão tinham citado um outro alvo: Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), que presidiu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre as milícias no Rio de Janeiro quando era deputado estadual.
“Em 2017, ele veio com um assunto relacionado com Marcelo Freixo. (…) É uma coisa bem ampla, pesada, que mexe com partidos. (…) Fui tirando isso da cabeça dele. Aí ele aceitou, não cobrou mais. Ali foi talvez a nossa primeira entrada com relação a crime”, disse Lessa.
A Polícia Federal conseguiu confirmar que o ex-policial militar realizou pesquisas sobre políticos ligados ao PSOL, incluindo Freixo. Além dele, Renato Cinco e Tarcísio Motta também foram monitorados.
A ISTOÉ entrou em contato com Marcelo Freixo para comentar o caso, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto.
Proposta milionária para matar Marielle
Durante a delação, Lessa ainda revelou que teria recebido uma proposta, que ele chamou de “sociedade”, dos irmãos Brazão pelo crime. Segundo ele, foi oferecido um loteamento – mini bairro – em Jacarepaguá, zona oeste carioca, para a exploração de serviços.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares (cerca de R$ 100 milhões). A gente não está falando de pouco dinheiro (…)”, disse Lessa. Ele também afirmou que esteve com os irmãos em três ocasiões e que o Domingos falava e Chiquinho concordava.
A defesa do conselheiro do tribunal de contas afirmou que não existem elementos e provas que sustentem a versão apresentada por Lessa. Já a de Chiquinho disse que a delação premiada é uma desesperada criação mental na busca por benefícios e, por isso, são muitas vezes contraditórias, frágeis e inverídicas.