29/04/2022 - 19:31
Uma equipe da Polícia Federal foi até Aracaçá, na Terra Indígena Yanomami, e encontrou o local vazio e completamente incendiado. Isso ocorreu depois que o caso de uma menina ianomâmi, de 12 anos, ganhou destaque na imprensa nacional. Ela morreu depois de ter sido estuprada por garimpeiros que exploram ilegalmente a região. As informações são do G1.
O caso veio à tona na segunda-feira (25) quando o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’wana (Condisi YY), Hekurari, divulgou um vídeo nas redes sociais.
Ele relatou que os garimpeiros invadiram a aldeia no momento em que a maioria dos indígenas estavam caçando.
Ainda segundo Hekurari, a menina, uma tia e uma criança de 4 anos foram levadas para o acampamento de um garimpo ilegal de ouro. A parente teria tentado impedir o estupro e foi jogada no Rio Uraricoera com a outra criança.
Dois dias depois, agentes da PF foram à aldeia investigar o caso na companhia de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério Público Federal (MPF).
Na quinta-feira (28), os órgãos divulgaram uma nota em conjunto na qual afirmaram que não encontraram nenhum vestígio do crime de estupro e homicídio. Também ressaltaram que não há indícios da morte da mulher e da criança jogadas no rio.
No entanto, informaram que a apuração do caso irá continuar porque as “diligências demonstraram a necessidade de aprofundamento da investigação, para melhor esclarecimento dos fatos”.
Cobrança do STF
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia cobrou, na quinta-feira, durante uma sessão da Corte, que o MPF e as autoridades de Justiça locais investiguem o caso.
“Não é possível calar ou se omitir diante do descalabro de desumanidades criminosamente impostos às mulheres brasileiras, mais ainda as indígenas, em situação de enorme vulnerabilidade, que estão sendo mortas pela ferocidade desumana e incontida de alguns. Parece que a civilização tem um significado apenas para um grupo de homens”, afirmou a ministra.
“As mulheres indígenas são massacradas sem que o Estado tome providências eficientes para que se chegue à era dos direitos humanos para todos. Não como privilégio de parte da sociedade. Não é mais pensável qualquer espécie de parcimônia, tolerância, atraso ou omissão à prática de crimes tão cruéis e gravíssimos”, completou.
Após a fala da ministra, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, afirmou que acionou a Justiça e solicitou a abertura de um procedimento para investigar os fatos relacionados ao crime.
O presidente do STF, ministro Luiz Fux, relatou que o caso foi encaminhado aos observatórios dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente do Conselho Nacional de Justiça. Também destacou que o possível crime cometido é “gravíssimo” e precisa ser “combatido”.