O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ganhou reforço em sua campanha para a presidência do Senado e deve confirmar seu favoritismo na sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Além de contar com o apoio do próprio partido, Alcolumbre construiu alianças com o PDT, PSB, Republicanos, Progressistas e PL.

Internamente, Alcolumbre já pleiteava o comando do Senado desde a reeleição de Pacheco, em 2023. Com a presidência da principal comissão da Casa, a de Constituição e Justiça (CCJ), ele conseguiu pavimentar o caminho com tranquilidade.

Esses partidos somam, ao menos, 39 votos favoráveis ao parlamentar. Para vencer a eleição, são necessários 41 votos, ou seja, a maioria absoluta.

Alcolumbre ainda busca o apoio de outros partidos, como o PSD e o MDB. Este último parece mais acessível nas articulações e pode acrescentar mais 10 parlamentares à conta final.

No entanto, o cenário no partido de Pacheco é mais complicado. O PSD tem Eliziane Gama como candidata (leia mais abaixo), e podem ocorrer traições dentro da legenda. O voto do atual mandatário da Casa, pelo menos, tende a ser favorável ao presidente da CCJ.

O nome de Davi Alcolumbre também não encontra resistências no Palácio do Planalto. Embora se posicione mais ao centro, Alcolumbre atendeu a várias demandas do governo, articuladas por Jorge Wagner (PT-BA), na CCJ do Senado.

Se confirmado, Alcolumbre assumirá seu segundo mandato à frente do Senado Federal. Ele já comandou a Casa entre 2019 e 2020, durante o governo Jair Bolsonaro. Na época, cogitou tentar a reeleição, mas a Constituição proíbe a recondução à presidência na mesma legislatura.

Para sucedê-lo, ele apoiou Rodrigo Pacheco, considerado um aliado de primeira ordem. Pacheco, que deixou a presidência da CCJ em 2021, foi reeleito entre duas legislaturas e está cotado para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios.

As pedras no caminho

Apesar do favoritismo, Alcolumbre deve enfrentar alguns obstáculos. Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Eliziane Gama (PSD-MA) lançaram oficialmente suas candidaturas para suceder Pacheco.

As duas formaram uma parceria semelhante à que ocorre na Câmara dos Deputados (entenda mais abaixo). Quem se viabilizar melhor entre elas receberá os votos conquistados pela outra.

Em entrevista ao site IstoÉ, Soraya reafirmou sua candidatura à presidência do Senado. Ela destacou as viagens que fez com Eliziane para angariar votos de senadores e mencionou conversas com Lula para sinalizar apoio ao governo.

“Mantenho a minha candidatura, assim como a Eliziane. Já viajamos juntas para quatro estados. Quem se viabilizar melhor, estaremos juntas”, afirmou Soraya.

“Ter uma mulher na Mesa [Diretora] é prioridade. Queremos uma mulher ocupando uma das principais cadeiras do Senado”, concluiu.

Nos bastidores, alguns senadores acreditam que o caminho das duas será mais difícil. Eles afirmam que a articulação de Davi Alcolumbre está em andamento há meses, e já havia um acordo em torno de seu nome antes mesmo de sua reeleição para o comando da CCJ no início deste ano.

Apesar das dificuldades, Soraya Thronicke mantém confiança em sua candidatura e prevê traições dentro dos partidos aliados de Alcolumbre, como o PSD. Ela afirma ter mapeado os votos na eleição da Mesa Diretora de 2023, que reelegeu Pacheco, e detectado insatisfação com o nome de Alcolumbre em certos setores da Casa.

“Alguns colegas me dizem que o partido apoiou Davi, mas que não votarão nele. O voto é secreto. Existe uma insatisfação enorme nos corredores, no dia a dia. Eu sempre votei no Rodrigo e no Davi, mas não quero mais. Esse é o sentimento de muitos, inclusive de senadores dos partidos deles.”

“Mapeamos os votos de Rodrigo Pacheco e Rogério [Marinho]. É mais fácil votar no Rodrigo do que no Davi. Temos que ter humildade para entender que quem se viabilizar, seguirá adiante”, ressaltou Soraya, referindo-se ao acordo com Eliziane Gama.

Alcolumbre tranquilo; Câmara ‘pega fogo’

O cenário de Alcolumbre difere — e muito — da sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. No Salão Verde, três candidatos disputam a preferência dos parlamentares. O que parecia ser uma campanha tranquila para o sucessor de Arthur Lira (Progressistas-AL) — o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) — agora toma novos rumos, com adversários buscando o apoio dos aliados do atual presidente da Casa.

Motta disputa a preferência com Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA). Esses dois últimos formaram uma aliança quase improvável com o objetivo de derrotar o nome de Lira.

O paraibano tem mantido cautela em relação à disputa e confia na articulação de Lira para garantir a unidade em torno de seu nome. Elmar, que foi preterido pelo atual presidente e antigo aliado, e Brito têm acenado para o PT e o MDB em busca de apoio.

O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinaliza apoio a Hugo Motta, mas os deputados do União Brasil e do PSD têm oferecido cargos na Mesa Diretora e nas comissões para conquistar o apoio dos petistas. Até mesmo viagens de apoio a candidatos do PT nas capitais entraram no roteiro da dupla.