Fiador político da eleição de João Doria (PSDB) à Prefeitura da capital, o governador Geraldo Alckmin estuda encampar promessa de campanha feita pelo prefeito eleito e também congelar as tarifas de metrô e trem a R$ 3,80 na Grande São Paulo em 2017. As análises sobre a viabilidade econômica e a forma de implementação da medida estão em fase de conclusão por técnicos da Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos e é possível que a manutenção conjunta do preço das passagens seja anunciada até esta sexta-feira, 29.

Entre as possibilidades estudadas em conjunto pelo governo Alckmin e pela equipe de Doria para manter o preço da tarifa comum sem provocar grandes impactos nas receitas da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da São Paulo Transportes (SPTrans) estão reajustes nos bilhetes diário, semanal ou mensal de ônibus, vale-transporte, passe escolar e revisão das gratuidades a idosos com mais de 60 anos, pessoas com deficiência e estudantes de baixa renda.

“Os técnicos ainda estão estudando os últimos detalhes e devemos ter isso (definição) nos próximos dias”, disse o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. “Há diversas possibilidades que estão sendo analisadas, mas precisamos aprovar com os nossos chefes ainda, o governador e o prefeito”, completou o titular da pasta, sem dar mais detalhes sobre o estudo.

Historicamente, o reajuste das tarifas de ônibus, trem e metrô é feito de forma conjunta pela Prefeitura e pelo governo do Estado no início de cada ano. O último aumento (8,57%) ocorreu em 9 de janeiro deste ano, quando o valor das passagens subiu de R$ 3,50 para R$ 3,80.

Segundo estimativas feitas por técnicos da Comissão de Transportes da Câmara Municipal, o congelamento da tarifa de ônibus deve custar cerca de R$ 750 milhões a mais em subsídios pagos pela Prefeitura para a operação do sistema de transporte público municipal. Somente neste ano, a previsão é de que os subsídios superem os R$ 2,5 bilhões. Doria tem dito que vai usar a economia gerada nos cortes de 15% dos contratos com fornecedores da Prefeitura, de 30% dos cargos comissionados e de 35% nas verbas de custeio das secretarias (exceto Saúde, Educação e Segurança) para conseguir cumprir a promessa de campanha.

O anúncio de congelamento da tarifa feito por Doria durante a disputa eleitoral foi mal recebido pelo corpo técnico do Metrô, que tem sofrido com queda dos repasses feitos pelo governo Alckmin e redução do número de passageiros por causa da crise econômica. Somente neste ano, a companhia registrou um calote de R$ 332,7 milhões do Estado, que deixou de repassar valores referentes à compensação tarifária à estatal para quitar obrigações contratuais com a concessionária privada que opera a Linha 4-Amarela, e já fez acordo para parcelar cerca de R$ 150 milhões em dívidas com fornecedores por causa da redução de suas receitas.

Atualmente, apenas 35% dos usuários do metrô, por exemplo, pagam a tarifa cheia, de R$ 3,80, enquanto 65% pagam valores diferentes à companhia por causa de benefícios como meia-entrada a estudantes e descontos nas integrações entre as linhas, quando o passageiro usa mais de uma linha da rede mas paga apenas uma tarifa ou quando faz integração com o ônibus, quando a segunda tarifa fica R$ 1,68 mais barata.

Aumentos

Caso seja confirmado, o congelamento das tarifas de trem e metrô não deve servir de estímulo para as demais cidades da Grande São Paulo. O município de Guarulhos, o segundo maior da região metropolitana, reajustou a tarifa em 18,42% a partir de hoje. Com isso, o preço da passagem sobe de R$ 3,80 para R$ 4,50.

Em Osasco, o prefeito Jorge Lapas (PDT) publicou nesta semana decreto elevando o valor da tarifa do transporte municipal para R$ 4,20 a partir de amanhã. As prefeituras de São Bernardo e Santo André, ambas administradas pelo PT, informaram que ainda estão estudando se reajustam as passagens. É possível que a definição fique para os sucessores que tomam posse no domingo. Nos dois casos, os eleitos são do PSDB, mesmo partido de Doria e Alckmin.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.