O vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin (PSB), negou na manhã deste sábado, 13, que o País possa enfrentar dificuldades extras nas negociações comerciais com os Estados Unidos por causa da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, por maior pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
“Entendo que não, porque não há nenhuma relação entre decisão do Poder Judiciário e política regulatória. Imposto de importação é política regulatória”, afirmou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Segundo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem orientado o diálogo e a negociação. “Nós estamos permanentemente trabalhando, porque não há justificativa para o tarifaço. Dos dez produtos que os EUA mais exportam para nós, oito tem tarifa zero. E a tarifa média para entrar no Brasil é 2,7%”, destacou.
O vice-presidente lembrou que os EUA têm superávit comercial com o Brasil, e disse que as exportações deles ao Brasil estão crescendo 12% neste ano. “Vamos trabalhar para reduzir impostos ao Brasil.”
Sobre a anistia, articulada por grupos da oposição no Legislativo, Alckimin afirmou que é uma questão que caberá em última análise ao Poder Judiciário. Ao voltar a comentar o julgamento que condenou Bolsonaro, ele reafirmou que o Brasil deve um “justo reconhecimento” à Polícia Federal (PF), à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao STF, que cumpriram sua missão de “maneira exemplar”.
“Quem garante as liberdades é a democracia e é importante para o País ter boas instituições. As pessoas passam, as instituições ficam. O que faz diferença no “País é ter boas instituições”, disse.
Alckmin participou de visita à concessionária V12 da Volkswagen, em Brasília. Em relação à venda de automóveis sustentáveis, ele disse que houve aumento de 26,1% de 11 de julho a 11 de setembro, o que mostra que “quando reduz o imposto, vende mais”.
Reação limitada
Integrantes do governo brasileiro avaliam que eventual nova sanção aplicada pela administração Trump após a condenação de Bolsonaro deverá recair de forma individualizada sobre ministros do STF ou do Executivo, e talvez familiares.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos, por sua vez, prometeu “responder adequadamente” à condenação pela trama golpista.
Uma das avaliações correntes entre os estrategistas internacionais do governo Luiz Inácio Lula da Silva é que existe essa “tendência” de punição mais circunscrita a indivíduos, em vez de medidas que impactem de forma ampla a economia brasileira, como as tarifas comerciais, ou possam ter repercussões financeiras imprevisíveis, como punições a bancos de bandeira brasileira.
Segundo essa interpretação do governo brasileiro, punir o conjunto da economia nacional traria mais custos políticos negativos ao bolsonarismo e opositores de Lula.
Nos EUA, as tarifas sobre produtos como o café já estão chegando à mesa dos americanos. Os preços do café subiram 20,9% em relação ao mesmo período do ano passado, o maior aumento desde a década de 1990, de acordo com o índice de preços ao consumidor divulgado na quinta-feira, 11, pelo Bureau of Labor Statistics (Departamento de Estatísticas do Trabalho). Somente em agosto, o preço do café subiu 3,6%.