26/05/2018 - 13:00
Estagnado nas pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Geraldo Alckmin busca palanques regionais fortes em outros partidos para compensar a falta de candidatos tucanos competitivos nos Estados. A cúpula do PSDB teme que o pré-candidato à Presidência da República fique isolado em colégios eleitorais importantes.
No mapa das articulações locais, o partido desistiu de lançar nomes próprios a governador em Estados que foram governados por tucanos até abril desse ano, como o Paraná e o Pará.
Em um ato político realizado na sexta-feira, 25, em Salvador o deputado federal João Gualberto anunciou que abriu mão de sua pré-candidatura a governador pelo PSDB para apoiar o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo (DEM) – aliado do prefeito da capital baiana, ACM Neto.
O acordo foi fechado em uma reunião de Alckmin com líderes do DEM na quarta-feira em Brasília na qual ficou acertado que sigla vai apoiar o ex-governador, independente do cenário nacional. O acerto garantiu a Alckmin estrutura e apoio político em um Estado que soma mais de 10 milhões de eleitores.
“É importante para uma candidatura presidencial ter capilaridade nos Estados, com o apoio de vereadores e prefeitos. Quem mobiliza essa rede é o candidato a governador. Temos que contar com uma tropa de choque que defenda a nossa bandeira no botequim”, disse o deputado federal Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.
Rio
O Estado que mais mobiliza hoje a atenção dos tucanos é o Rio de Janeiro. O PSDB não tem um nome competitivo no terceiro maior colégio eleitoral do País, com mais de 12 milhões de eleitores.
O plano original local era lançar na disputa pelo governo o ex-prefeito de Resende, Noel de Carvalho. Mas por interferência da executiva nacional, o diretório fluminense entrou na lista de candidaturas que foram sacrificadas. “Estamos com pontes abertas com o Eduardo Paes (DEM), Índio da Costa (PSD) e Rubens César Fernandes (PPS)”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado Otávio Leite, presidente do PSDB-RJ.
Segundo ele, aliança estadual depende do acordo nacional costurado por Alckmin com as três legendas. “O Rio é o Estado onde a eleição está mais aberta. Está tudo confuso”, afirmou.
Com mais de 2 milhões de eleitores, o Amazonas também está na lista de Estados problemáticos do PSDB. O diretório regional do partido é comandado pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgilio, que se tornou desafeto de Alckmin após tentar disputar com ele as prévias para escolha do candidato da legenda.
“A forma como fui tratado naquele simulacro de prévias deixou marcas”, disse ele à reportagem. Virgílio não poupa o presidenciável do seu partido de críticas. “Infelizmente minha profecia se confirmou. Alckmin não tem se mostrado um candidato competitivo.”
O prefeito disse que o filho dele, deputado Arthur Virgilio Bisneto, pode se candidatar ao governo, mas a executiva nacional prefere outro nome: o senador Omar Aziz (PSD).
Reservadamente, dirigentes da legenda lembram que em maio de 2014 o então pré-candidato tucano, Aécio Neves – que tinha cerca de 20% de intenção de voto nas pesquisas – já contabilizava o apoio declarado de oito candidatos competitivos de outros partidos: Paulo Souto (DEM) na Bahia, Tião Bocalom (DEM) no Acre, Eunício Oliveira (MDB) no Ceará, José Roberto Arruda (PR) no Distrito Federal, Paulo Hartung (MDB) no Espírito Santo, Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão e Pedro Taques, então no PDT, partido pelo qual foi eleito governador do Mato Grosso.
Hoje, o PSDB contabiliza apenas três pré-candidatos de outros partidos engajados na campanha de Alckmin: Márcio França (PSB) em São Paulo, Cida Borgheti (PP) no Paraná e José Ronaldo (DEM) na Bahia. Hartung (MDB), também indicou apoio a Alckmin, mas as conversas ainda estão no estágio inicial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.