SÃO PAULO, 11 DEZ (ANSA) – Aclamado como novo presidente do PSDB, em uma manobra para tentar reunificar o partido, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deu o primeiro passo para concorrer ao Palácio do Planalto, mas sua candidatura nas eleições de 2018 ainda está longe de ser dada como certa.   

Antes mesmo de descer do palanque da convenção nacional dos tucanos, no último sábado (9), Alckmin deu o tom dos próximos meses e levantou armas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeditando a disputa de 2006, quando o petista prevaleceu sobre o governador paulista – surpreendentemente agressivo na ocasião – no segundo turno.   

“Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder, ou seja, quer voltar à cena do crime. Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da história”, declarou Alckmin no fim de semana. O discurso deixou claro que o tucano já escolheu seu oponente, e este não é o ex-presidente.   

As pesquisas mostram que o principal adversário do governador neste momento é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que vem conseguindo mobilizar o eleitorado antilulista em torno de seu nome. Segundo o último “Datafolha”, Lula tem 34% das intenções de voto, contra 17% do ex-militar.   

Alckmin aparece em uma distante quarta posição, com 6% da preferência, atrás até da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede). O novo mandatário do PSDB dificilmente roubará votos do candidato petista, o que aumenta a necessidade de ele se mostrar capaz de romper a polarização com Bolsonaro, desidratar a campanha do deputado e se tornar porta-voz das forças anti-PT.   

Enquanto isso, terá de se equilibrar entre o suporte a um governo impopular e sua reforma da Previdência, que deve ficar para o ano eleitoral, e a exigência de crescer nas pesquisas. Em meio a tudo isso, Alckmin pega um partido dividido.   

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Sua eleição como presidente da legenda foi uma forma de pacificar as alas contrárias e favoráveis ao desembarque do PSDB da base aliada, disputa que respinga no apoio tucano à reforma da Previdência – mesmo com a sigla no governo, o tema está longe de ser consenso dentro de suas fileiras.   

Nas corridas presidenciais deste século, o PSDB acabou bastante prejudicado pela falta de união entre seus principais quadros – como o próprio Alckmin pôde sentir na pele em 2006. O partido chegou mais perto do Planalto justamente quando concorreu relativamente unido, em 2014, na derrota de Aécio Neves para Dilma Rousseff.   

Fator Meirelles – Além de Lula e Bolsonaro, Alckmin também acompanha as movimentações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que já criticou publicamente o PSDB por sua falta de apoio explícito à reforma da Previdência e tenta viabilizar sua candidatura ao Planalto.   

Meirelles não passa de 2% das intenções de voto, mas seu perfil agrada ao mercado – ele é ex-presidente do BankBoston -, enquanto sua ligação com o governo de Michel Temer poderia ser um fator para atrair o PMDB e outros potenciais aliados de Alckmin para sua coalizão.   

Por outro lado, o governador de São Paulo também é citado nas delações de executivos da Odebrecht, o que pode criar outro obstáculo a sua candidatura, em um país cujos rumos, em grande parte, vêm sendo determinados pela Operação Lava Jato. (ANSA)


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