Ele assumiu o cargo na reta final da Copa Sul-Americana, quando outros já haviam feito grande parte do trabalho duro. Mesmo assim, Alberto Valentim manteve o Athletico Paranaense no rumo para conquistar o bicampeonato da Copa Sul-Americana e erguer seu primeiro título importante como técnico.

Por ironia do destino, Valentim se consagrou como técnico contra o Bragantino, time contra o qual estreou como jogador profissional, quando os paulistas nem desconfiavam que iriam fazer parte do projeto esportivo da multinacional austríaca Red Bull.

Naquele domingo, 18 de agosto de 1996, ao defender o Atlético Paranaense, que voltava à Série A nessa temporada, o lateral-direito em ascensão contribuiu na vitória por 3 a 1 sobre os paulistas, em Curitiba.

Um quarto de século depois, sentado no banco do lendário Estádio Centenário, em Montevidéu, repetiu a dose para fazer do ‘Furacão’ o primeiro bicampeão brasileiro da Sul-Americana, após a taça conquistada em 2018.

“Tenho uma expectativa muito grande, no caso de um título internacional seria espetacular conquistá-lo”, havia dito ele nos preparativos para a final brasileira.

Essa “expectativa muito grande” agora é uma certeza. Aos 46 anos, Valentim colocou seu nome no Olimpo do time rubro-negro, equipe que marcou o seu percurso como jogador e cujo comando assumiu em outubro após a demissão do português António Oliveira.

– Aterrissagem confusa –

Junto com o veterano Paulo Autuori, o português levou os paranaenses às quartas de final da Sul-Americana, mas deixou o comando no dia 8 de setembro, alegando cansaço devido ado apertado calendário brasileiro e em meio a uma série de reveses em torneios locais.

Autuori classificou o time para a final e passou o bastão a Valentim, considerado um dos melhores laterais-direitos do Furacão e venerado pela torcida durante suas duas passagens curtas pelo time curitibano (1996-99 e 2008-09).

“É um sentimento pessoal extremo. Com o Athletico, queira ou não queira, tem um gosto diferente, pelo fato de eu ter sido atleta aqui”, explicou o treinador, que pendurou as chuteiras em 2009, vestido de rubro-negro, após uma carreira que incluiu passagens pela Itália na Udinese e no Siena.

Embora seu passado parecesse garantir uma aterrissagem serena, alguns torcedores não o receberam com o mesmo entusiasmo com que o aplaudiram quando deixou os campos.

Experiências regulares à frente do Red Bull Brasil (que se fundiu com o Bragantino em 2019), Botafogo, Vasco da Gama, Avaí e Cuiabá, além de uma passagem rápida pelo Pyramids do Egito, causaram receio quando Valentim voltou para casa.

– Decolagem motivadora –

Muitos pediram um técnico com uma bagagem repleta de troféus, mas Valentim tinha apenas alguns títulos estaduais: o Carioca-2018 com o Botafogo, a Taça Guanabara-2019 com o Vasco e o Matogrossense-2021 no comando do Cuiabá.

Mas, graças aos resultados, este amante da música sertaneja e do cinema (diz que “Um Sonho de Liberdade” e “A vida é Bela” são os “melhores filmes da história”) começou a silenciar os críticos.

O primeiro golpe veio em outubro, quando o Athletico-PR se classificou para a final da Copa do Brasil, que será disputada contra o Atlético-MG, após eliminar o Flamengo no Maracanã. E agora, com o segundo título sul-americano, conseguiu uma vaga na Libertadores-2022.

“O Alberto está chegando agora para formar, para nos ajudar, é um cara de bem”, disse à AFP o meia Nikão, outro ídolo rubro-negro eternizado após a conquista do título em que foi o autor do único gol na final.

“É um cara que está sempre em cima. Sem dúvida alguma é um cara que vai dar muitas alegrias para o clube”, acrescentou.

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