SÃO PAULO, 12 DEZ (ANSA) – Os eleitores do estado do Alabama, nos Estados Unidos, votam nesta terça-feira (12) para escolher seu novo senador, após a nomeação de Jeff Sessions como secretário de Justiça do país pelo presidente Donald Trump.   

Mas, se desde 1992 o estado não elege um senador democrata, a vitória dos republicanos pode estar em risco por conta do polêmico candidato do partido.   

Roy Moore, 70 anos, foi acusado por diversas mulheres, em denúncia publicada no último mês pelo jornal “The Washington Post”, de abusos sexuais enquanto elas ainda eram adolescentes, em crimes cometidos durante as décadas de 1970 e 1980. Ele negou as acusações.   

No entanto, apesar da polêmica, Trump não negou seu apoio à Moore. Nesta segunda-feira (11), em uma mensagem telefônica destinada à população do Alabama, o atual presidente dos EUA reiterou seu apoio ao republicano.   

“Precisamos de Roy para votar contra a imigração ilegal, por uma defesa mais forte e para proteger a segunda emenda da Constituição e nossos valores pró-vida”, disse o mandatário referindo-se, respectivamente, à posse de armas de fogo e à lei anti-aborto.   

Após o áudio do magnata, Moore afirmou em seu último comício que “quer fazer a América grande e boa de novo ao lado de Trump”.   

“Mas, ela não pode ser boa até que nós não voltemos nosso caminho para Deus”, disse aos seus eleitores.   

Além das acusações recentes, o juiz já teve, de fato, duas destituições enquanto era presidente da Suprema Corte do Alabama. Em 2003, ele se negou a retirar uma estátua com “Os Dez Mandamentos” de um prédio público e, em 2016, ele se recusou a aplicar a lei que permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo.   

Por sua vez, o candidato democrata para a disputa é Doug Jones, um ex-procurador federal de 63 anos e que atuou em casos famosos no estado, como na condenação de membros da organização Ku Klux Klan que atearam fogo em uma igreja frequentada por negros.   

O ex-presidente Barack Obama, que não havia se manifestado politicamente para a disputa no Alabama, saiu em defesa de Jones e pediu que os norte-americanos votem nele por ele ser “um lutador da igualdade e para o progresso do país”.   

– Divisão interna: Apesar do apoio de Trump a Moore, ele não era o favorito do presidente para a disputa. Em setembro, o mandatário foi derrotado nas primárias do estado, onde defendia Luther Strange – o que evidenciou um racha na base do partido.   

No entanto, com o risco de derrota pela primeira vez em 25 anos no Alabama, Trump foi à campo.   

Porém, muitos analistas acreditam que uma possível vitória de Moore pode causar uma “derrota” para a sigla nas eleições do ano que vem, quando os norte-americanos renovam parte do Congresso, pelo juiz se tornar um alvo fácil dos democratas que o criticam.   

Só que se houver uma derrota de Moore, os republicanos perdem a maioria na Casa, o que complicaria ainda mais o avanço dos projetos de Trump. As pesquisas de opinião, divulgadas por várias empresas, mostram resultados bastante distintos.   

Enquanto a “Fox News”, que tem uma linha mais conservadora, mostrou uma surpreendente pesquisa em que o democrata tem uma liderança de 10% sobre Moore, outros levantamentos mostram vitórias apertadas do republicano – na maior, a diferença é de quatro pontos percentuais.   

O que muitos podem fazer, conforme a lei norte-americana permite, é escrever o nome de um terceiro candidato para a disputa, sem favorecer nenhum dos dois candidatos “oficiais”.   

Já Jones, de acordo com uma pesquisa eleitoral do jornal “The Washington Post”, tem o apoio de 90% dos negros que informaram que participarão da votação. (ANSA)