Al-Qaeda cada vez mais enfraquecida após possíveis mortes de líderes

Al-Qaeda cada vez mais enfraquecida após possíveis mortes de líderes

Após a morte no Irã do número 2 da Al-Qaeda e dos boatos crescentes sobre o falecimento de seu número 1, as perguntas aumentam sobre o comando e sobre o futuro em nível global da organização terrorista, que já estava muito enfraquecida.

Na sexta-feira (13), o jornal “The New York Times” informou que Abdullah Ahmed Abdullah foi morto em Teerã por agentes israelenses durante uma missão secreta ordenada por Washington. Algo que o Irã negou.

Mais incerto é o destino do número 1 da organização, Ayman Al Zawahiri, o pouco carismático sucessor de Osama bin Laden, sobre quem não existe pista há dez anos e que poderia estar escondido na fronteira entre Afeganistão e Paquistão.

O diretor do americano Center for Global Policy (CGP), Hassan Hassan, afirmou no fim de semana que Zawahiri, no comando da Al-Qaeda desde a morte Bin Laden em 2011, faleceu em sua casa há um mês, vítima de uma doença.

“Sou consciente dos problemas para verificar este tipo de informação, mas está na boca de todos nos círculos próximos da Al-Qaeda, como Hurras al-Din”, escreveu Hassan no Twitter, revelando que o grupo jihadista sírio era uma de suas fontes.

Rita Katz, diretora da agência americana Site, especializada em monitorar os grupos jihadistas, citou “notícias não confirmadas”, recordando que “Al-Qaeda não se caracteriza por informar rapidamente a morte de seus líderes”.

Que sua hipotética morte tenha acontecido por uma doença cardíaca, e não por uma operação militar externa, complica ainda mais a confirmação da notícia. Ainda mais a respeito de uma pessoa que, com 40 anos de jihadismo nas costas, teve a morte anunciada diversas vezes.

“Os serviços de Inteligência acreditam que está muito doente”, declarou à AFP Barak Mendelsohn, autor de um livro sobre a Al-Qaeda e professor da Universidade Haverford, na Pensilvânia.

“Mas, se não morreu agora, não vai demorar a morrer”, completa.

– Grupos vinculados fora de controle –

Em um contexto geopolítico complicado, o grupo que executou o maior atentado da história, em 11 de setembro de 2001, poderia estar potencialmente sem seus dois principais líderes.

Além disso, a direção central da Al-Qaeda está longe de ser o que já foi um dia. O “nome” continua presente, graças aos muitos grupos vinculados que lhe juraram lealdade, do Sahel ao Paquistão, passando por Egito, Iêmen e Somália.

Mas a Al-Qaeda não comanda as ações, nem as alianças destes grupos, envolvidos em problemas locais e regionais que não pode controlar.

Barak Mendelsohn cita a hipótese de que a hierarquia da organização no futuro funcionará como um simples “conselho consultivo”. Os grupos jihadistas “escutarão a direção central da Al-Qaeda apenas quando desejarem, e não por obrigação”.

A Al-Qaeda também está em uma batalha ideológica e militar em várias frentes com o grupo Estado Islâmico, que roubou seu papel preponderante do jihadismo mundial e tem uma presença maior nas redes sociais.

E isto apesar de a situação do Estado Islâmico também ser considerada “frágil” por sua derrota em 2019 para uma coalizão internacional e o fim do “califado”.

O futuro líder da Al-Qaeda (o nome de Saif al-Adel aparece com força entre os analistas) terá o desafio de manter a organização ativa.

Ex-tenente-coronel das forças especiais egípcias, Al-Adel passou a integrar, na década de 1980, a organização Jihad Islâmica Egípcia.

Detido no Irã em 2003, ele teria sido libertado em uma troca de prisioneiros em 2015, de acordo com o centro de estudos Counter Extremism Project (CEP). Um relatório da ONU, que o localizou no Irã em 2018, o descreveu como um dos principais colaboradores de Zawahiri.

“Adel teve um papel fundamental no desenvolvimento operacional da Al-Qaeda e subiu com velocidade na hierarquia”, afirmou o CEP, ao comentar seu papel na formação de alguns dos sequestradores dos aviões do atentado do 11 de Setembro.

“Ele é um dos principais candidatos, mas sempre podem acontecer surpresas, caso a nova geração consiga se impor”, afirma Mendelsohn.

“Não sabemos como será recebido na organização, caso Zawahiri, ou a velha guarda, não estejam ali para apoiá-lo”, completou.