SÃO PAULO, 23 MAI (ANSA) – A cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, epicentro da presença italiana no Rio Grande do Sul, já empreende os primeiros esforços de reconstrução após o desastre climático que devastou o estado. A região, no entanto, segue sendo afetada por fortes chuvas e ainda busca pessoas desaparecidas.   

O relato é do presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), Carlos Lazzari, nesta quinta-feira (23). À ANSA, ele explicou que a área rural, parte mais afetada da cidade, enfrenta dificuldades para se reerguer, já que o mau tempo continua.   

O empresário descreveu o cenário: são mais de 30 comunidades que reúnem cerca de 450 famílias, totalizando cerca de 1,1 mil pessoas. Cerca de 70% deles são idosos com 65 anos ou mais. As áreas eram conectadas por 400 quilômetros de estradas vicinais, estradas de chão, mas o mau tempo bloqueou boa parte das vias.   

“Foram mais de 150 desmoronamentos e deslizamentos. Afetou famílias, residências, plantações, animais. Após o momento mais grave, a iniciativa privada se organizou no movimento Unidos por Bento, para ajudar o poder público a reconstruir e desobstruir os acessos”, explicou.   

Desde o início dos temporais, no fim de abril, foram necessários resgates por solo e ar para 1180 pessoas. Também foram resgatados 11 corpos, e quatro pessoas desaparecidas ainda são procuradas por mais de 200 bombeiros com cães farejadores.   

A agente consular honorária da Itália em Bento Gonçalves, Thais Rafaela Ferrari da Cunha, também destacou a movimentação: “É admirável a força e a solidariedade da comunidade da região, que se mobilizou muito com os meios que tinha e continuará movendo esforços para a reconstrução da região. Acredito que todos têm consciência da gravidade da situação e entenderam que precisamos de união para nos recuperarmos”.   

Para Carlos Lazzari, após os esforços para apoiar as pessoas, a próxima grande preocupação será com a economia, gravemente afetada especialmente pela interrupção do turismo, setor que ainda se recupera da interdição causada pela pandemia de Covid-19.   

O empresário explicou que sequer é possível começar a estimar os prejuízos: “Os hotéis, os restaurantes, os passeios estão sofrendo bastante. Estamos esperando que baixem as águas da capital e de Canoas, e que as operações do Aeroporto Internacional Salgado Filho sejam retomadas”. Enquanto isso, a iniciativa privada prepara uma campanha, que deve ser lançada na próxima semana, para estimular o turismo local e regional.   

A agente consular honorária citou outra iniciativa: “É preciso promover condições para que haja a retomada econômica aos atingidos direta e indiretamente. Produtores rurais que tiveram suas atividades prejudicadas precisam de um suporte. No próximo sábado [25] será realizada a feira ‘Abrace um Produtor Rural’ para incentivar a retomada e disponibilizar um ambiente para fomentar a comercialização de produtos coloniais dos produtores atingidos”. (ANSA).