O título desta coluna revela uma constatação e um sentimento de esperança. Diante das pesquisas eleitorais que têm por objeto a eleição presidencial, cabe constatar que a sociedade brasileira segue polarizada. Parece que viveremos em outubro, já no 1º turno, uma releitura do 2º turno de 2018. Lula e Bolsonaro seguem na liderança e aqueles que poderiam consubstanciar eventual 3ª via sofrem com pífio desempenho. Polarizados, acompanhamos a aproximação do período eleitoral de forma pouco enriquecedora. Divididos entre extremos, seguimos marcados pela interdição do debate, advinda da intolerância, bem como por raciocínios rasos, provenientes da simplificação indevida de complexos desafios nacionais. Para angariar votos nessa atmosfera dual, o populismo é estratégia frequente. Por meio dele, a responsabilidade fiscal e a redução do tamanho do Estado ficam para depois.

O capital eleitoral de Lula e Bolsonaro não foi construído no curto período das campanhas. O petista participou de diversas eleições até ser eleito

Diante desses movimentos irrefletidos e tipicamente eleitoreiros, torna-se difícil ter esperança num futuro mais próspero, no qual seja possível ampliar o diálogo, atenuando a dinâmica de amor e ódio que nos assola há alguns anos. Porém, ainda que desgastante, essa missão não pode ser abortada. Para que continue, iniciativas de partidos e políticos moderados devem seguir adiante. Lembremos que o capital eleitoral de Lula e Bolsonaro não foi construído no curto período das campanhas. Lula participou de diversas eleições até ser eleito. Bolsonaro se manteve em campanha desde o final da eleição de 2014. Em 4 anos, valeu-se do antipetismo e do lavajatismo, participou de inúmeros programas de televisão, marcou presença nas redes sociais e visitou municípios por todo o País. Isso deve servir de aprendizado a candidatos que pouco pontuam nas pesquisas atuais. Romper a polarização tem que ser parte da agenda. Demanda estratégia e muito mais tempo do que alguns poucos dias de campanha eleitoral.

Afastada a influência do imponderável, é pouco provável que o cenário seja alterado. É quase certo que o próximo presidente será escolhido entre Lula e Bolsonaro. Essa realidade não deve abater os brasileiros que não se satisfazem com qualquer um desses candidatos. Constatar a polarização é mais uma oportunidade para pensarmos soluções. Se buscamos um futuro diferente, mais estável, plural e menos populista, trabalho, entendimento e projetos sólidos devem começar desde já, para que em 2026 não lamentemos aquilo que agora nos aflige. O Brasil precisa de união, responsabilidade e temperança.