Esqueça por um momento que o deslumbrante A Melhor Juventude, de Marco Tullio Giordani – com suas duas partes e seis horas de duração – talvez seja o melhor filme em cartaz nos cinemas brasileiros. É tempo de Oscar e, como preparativo para a grande festa da Academia de Hollywood neste domingo, 9, à noite, o cinéfilo paulistano ainda tem a chance de se atualizar assistindo aos principais concorrentes. Dos nove indicados para melhor filme, só dois não estão em cartaz. História de Um Casamento, de Noah Baumbach, nem chegou a estrear nos cinemas brasileiros, mas pode ser visto na Netflix. O Irlandês, de Martin Scorsese, estreou, mas saiu das salas. Também está disponível no streaming.

O presumível, quase certo melhor filme do ano – 1917, de Sam Mendes – suplica para ser visto numa tela gigantesca, para que o público possa apreciar melhor o virtuosismo técnico da fotografia de Roger Deakins, que também vai levar o prêmio da categoria. Vendido inicialmente como um filme realizado em take único – plano-sequência -, 1917, na verdade, é a soma de vários planos contínuos, o que não o torna menos impressionante. O filme que começa à sombra de uma árvore e termina à sombra de outra baseia-se em histórias que o diretor ouvia contar em casa, sobre as aventuras de seu avô na 1ª Grande Guerra. Surgiu a história dos dois soldados que atravessam o campo de batalha para levar uma mensagem importante. O horror das trincheiras, dos bombardeios, dos tiroteios. Nasceu um clássico antimilitarista à altura dos maiores filmes de guerra – Glória Feita de Sangue, de Stanley Kubrick; as dez horas de Guerra e Humanidade, de Masaki Kobayashi; e Sem Novidades no Front, de Lewis Milestone, que lá atrás já venceu o Oscar.

Obra-prima de precisão narrativa, Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho, deve levar o prêmio de melhor filme internacional, mas, nesse caso – e é uma opinião muito pessoal -, Pedro Almodóvar (Dor e Glória) e o Ladj Li (Os Miseráveis) são melhores. Ator (Joaquin Phoenix, o Coringa) e Renée Zellweger (Judy – Muito Além do Arco-Íris) levam e são magníficos. Brad Pitt (Era Uma Vez Em Hollywood) também leva e merece, mas que pena por Tom Hanks, tão bom em Um Lindo Dia na Vizinhança.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.