Os mercados globais de petróleo passaram por uma “transformação extraordinária”, saindo da situação de grande superávit e tornando-se praticamente estável no segundo trimestre do ano, mas os estoques recordes da commodity ameaçam a recente estabilidade dos preços, avaliou hoje a Agência Internacional de Energia (AIE).

“Apesar das constantes revisões para cima na demanda que vimos (recentemente), há sinais de que o ímpeto está perdendo força. E embora estejam próximos de atingir o pico, os estoques estão muito elevados, especialmente o de produtos”, afirmou a AIE em relatório mensal.

Para a AIE, é possível que os estoques de petróleo bruto diminuam, mas há o risco, a menos que a demanda avance mais do que se prevê atualmente, de que “os estoques de produtos cresçam ainda mais e ameacem toda a estrutura de preços”.

Segundo a agência, os estoques comerciais dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aumentaram 13,5 milhões de barris em maio, atingindo o recorde de 3,074 bilhões de barris. Dados preliminares de junho sugerem que o volume estocado da OCDE teve um acréscimo adicional de 900 mil barris.

A AIE, que tem sede em Paris, calcula que a oferta global de petróleo avançou 600 mil barris por dia (bpd) em junho, a 96 milhões de barris.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que no mês passado passou a ter 14 integrantes com a entrada do Gabão, registrou alta de 400 mil barris de bpd na produção de junho, a 33,21 milhões de bpd, o maior patamar em oito anos. O resultado foi impulsionado pelo aumento da produção da Nigéria, Arábia Saudita e Irã.

Apenas os sauditas elevaram a produção ao nível quase recorde de 10,45 milhões de bpd em junho, enquanto a produção iraniana subiu para 3,66 milhões de bpd, representando alta de 50 mil bpd ante maio.

No Oriente Médio, a produção atingiu o patamar histórico de 31,5 milhões de bpd em junho, o que elevou sua participação de mercado a 35%, a maior desde o final da década de 1970.

A produção de fora da Opep aumentou 205 mil bpd no mês passado, a 55,9 milhões de bpd, após a recuperação parcial do resultado no Canadá e graças também à produção sazonal mais elevada de biocombustíveis.

No entanto, a AIE espera que a produção de fora da Opep caia 900 mil bdp este ano, a 56,8 milhões de bpd. Para 2017, a projeção é de avanço modesto da produção de países que não pertencem ao grupo, de 200 mil bpd.

Em relação à demanda global, a AIE elevou sua projeção de crescimento para 2016 em 100 mil barris, a 96,1 milhões de bpd. A expectativa agora é que a demanda avance 1,4 milhão de bpd este ano e 1,3 milhão de bpd em 2017. Fonte: Dow Jones Newswires.