O artista chinês Ai Weiwei acusa galerias ao redor do mundo de cancelarem suas exposições após uma postagem em que criticava a guerra entre Israel e Hamas no X, antigo Twitter. A Lisson Gallery, em Londres, havia respondido à própria publicação do pintor dizendo que a fala poderia ser entendida como “antissemita” ou “islamofóbica”.

Conforme a BBC, outras três exposições do artista em Nova York, Paris e Berlim foram canceladas. O site Hyperallergic, com quem o Weiwei conversou na última quarta-feira, 15, porém, confirmou que a mostra do pintor na Alemanha continua mantida.

A exposição em Londres estava marcada também para quarta. Ao Hyperallergic, o artista disse ter sido comunicado sobre o cancelamento dias antes e falou sobre “violência branda destinada a sufocar vozes” de artistas que abordam o conflito entre Israel e Palestina.

O site tentou contato com a Lisson Gallery, que não comentou as declarações do artista. Em resposta à postagem feita por Weiwei no X, porém, a galeria escreveu que “não há lugar para um debate que possa ser caracterizado como antissemita ou islamofóbico num momento em que todos os esforços deveriam ser para acabar com o sofrimento trágico nos territórios israelitas e palestinos, bem como nas comunidades internacionais”.

“Ai Weiwei é conhecido pelo seu apoio à liberdade de expressão e por defender os oprimidos, e respeitamos e valorizamos profundamente a nossa relação de longa data com ele”, continuou a Lisson Gallery na publicação.

No tuíte, já excluído da rede social, o pintor fez críticas ao governo israelense e a relação entre Israel e Estados Unidos. “Financeiramente, culturalmente e em termos de influência midiática, a comunidade judaica tem tido uma presença significativa nos Estados Unidos”, escreveu na ocasião.

“O pacote anual de ajuda a Israel tem sido, durante décadas, considerado um dos investimentos mais valiosos que os Estados Unidos alguma vez fizeram. Esta parceria é frequentemente descrita como um ‘destino partilhado'”, continuou.

Ai Weiwei passou a infância em um campo de trabalhos forçados na China ao lado do pai, o poeta Ai Qing. O pintor passou a se posicionar criticamente contra o Partido Comunista do país, foi perseguido e teve de se exilar nos EUA. Em 2011, ele passou 81 dias sob custódia do governo chinês.