A Águas do Brasil espera que sua nova concessionária de saneamento, a ser criada com as áreas arrematadas no leilão do bloco 3 da Cedae, na quarta-feira, fature cerca de R$ 800 milhões no primeiro ano completo de concessão, em 2023. Bairros da zona oeste do município do Rio, muitos dominados por milícias, devem responder por 70% da receita.

Cláudio Abduche, presidente da Águas do Brasil, diz que o faturamento será crescente a partir de melhorias operacionais e investimentos. A receita anual da nova concessionária – ainda sem nome definido – deverá quase dobrar em dez anos, para R$ 1,4 bilhão.

“O faturamento será crescente porque vamos implantar esgotamento nas cidades, melhorar o abastecimento de água, trocar hidrômetros, combater áreas de furto, entre outras coisas que levam ao aumento do faturamento e atraem novos clientes para o serviço de água”, diz Abduche.

A empresa venceu o leilão com oferta de R$ 2,2 bilhões. O bloco engloba bairros da zona oeste do Rio e 20 cidades fluminenses. O lance teve ágio de 90% em relação ao valor de outorga mínima, de R$ 1,16 bilhão. Foi o primeiro leilão vencido pela empresa desde o Novo Marco do Saneamento.

BAIXA RENDA

Segundo Abduche, a zona oeste será fundamental para o sucesso da operação. Dos 2,7 milhões de habitantes abrangidos, 1,5 milhão vivem nesses bairros. Ele minimiza impactos da presença de milícias e lembra que a empresa opera na região há nove anos, por meio da concessionária Zona Oeste Mais Saneamento. “A questão está mais centrada no nível da renda local, que é baixa.”

O desafio nos 20 municípios leiloados está na implementação do esgoto, hoje praticamente inexistente. Pelo Marco do Saneamento, a empresa tem até 2033 para universalizar os serviços. Os municípios têm variados portes, desde Macuco, com 5 mil habitantes, a Rio das Ostras, com 159 mil.

O contrato de concessão deve ser assinado em fevereiro, quando se inicia uma fase de seis meses de operação assistida. O pagamento da outorga e os investimentos serão feitos com recursos próprios e empréstimo-ponte. A expectativa é de ter crédito de longo prazo em dois a três anos, como do BNDES e via emissão de debêntures de infraestrutura.

O grupo é controlado pela Developer (da família Beckhauser), com 80% de participação. Em 2020 teve receita de R$ 1,6 bilhão e Ebitda de R$ 445 milhões. O grupo com sede em Niterói opera 15 concessões no Rio, São Paulo e Minas Gerais.

Para 2022, a intenção da empresa é disputar a concessão de Porto Alegre (RS), hoje em fase de estudos pelo BNDES. A expectativa é de que o leilão ocorra no início do segundo semestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.