A AGU (Advocacia-Geral da União) notificou Ciro Gomes para que ele explicasse as críticas feitas ao governo Lula (PT) sobre a liberação de empréstimos consignados dando o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de garantia. O ex-governador do Ceará rebateu e chamou o presidente de “covarde”.
Por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, Ciro Gomes reclamou da postura do presidente de usar um órgão estatal para interpelá-lo. “Agora, finalmente o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, faz alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial, na tentativa de me calar. Me interpela judicialmente por suposto ataque à sua honra, mas não por calúnia, pois me daria o direito de pedir o que no direito se chama exceção da verdade, que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade”, completou.
O governo transformou a pobreza em negócio e agora tenta calar quem denuncia! Eu não tenho medo nem rabo preso com ninguém. Meu único compromisso é com o povo brasileiro, por quem vou lutar até o último dia da minha vida. pic.twitter.com/Di6MEqkT22
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 7, 2025
Interpelação é uma espécie de ação em que se solicita explicação e informações sobre palavras usadas contra uma pessoa física ou jurídica. Além disso, serve como forma preparatória para uma ação de calúnia ou difamação.
Na ação, enviada pela AGU à IstoÉ, o órgão explicou que a atuação se deve ao fato de o ex-governador ter atacado o presidente Lula por ação derivada do cargo.
Para a AGU, Ciro fez “ataques de extrema gravidade”. Por causa disso, solicita que o ex-governador “apresente explicações pertinentes sobre as declarações inverídicas que apresentaram nos vídeos (…) e apresentando as provas que demonstraram detenha a respeito das afirmações que aduziu”.
“Tal conduta ataca não apenas a honra objetiva e subjetiva do querelante [Lula], mas significa uma deslegitimação pública da carga exercida pelo Presidente, sendo evidente a intenção de degradar sua imagem e descredibilizar sua capacidade moral de exercer a carga que ocupa, para que o qual foi legitimamente eleito pela população brasileira”, disse o órgão, em outro trecho da ação.
O vídeo que causou a interpelação foi publicado no dia 15 de março no Instagram de Ciro Gomes. Nele, o ex-governador acusa Lula de comandar “mais um assalto ao povo brasileiro” ao citar os empréstimos com o uso do FGTS como garantia. Para ele, a medida seria “uma das maiores imoralidades”.
“Lula segue na sua história de encher os bolsos dos banqueiros enquanto fragiliza a população brasileira. Ele vai consignar o risco dos empréstimos dos trabalhadores da iniciativa privada no mesmo passo em que, desavergonhosamente, deixa frouxo, livre para os bancos cobrarem a taxa de juros que bem entenderem”, disse.
No vídeo divulgado sábado,7, Ciro afirmou que não houve ofensas pessoais nas suas “exposições das políticas de agiotagem do governo. São os fatos e somente os fatos que o ofenderam”.
Por fim, Ciro Gomes voltou a criticar a medida do governo federal. “Todo o povo brasileiro se tornou um imenso banco de dados e ativos a serem negociados com bancos agiotas para roubá-los de todas as formas possíveis a partir dos impostos de juros mais altos do mundo. Dados de aposentadorias, benefícios assistenciais, o BPC (Benefício de Prestação Continuada) até o Bolsa Família, tudo virou ativo para ser explorado pelos bancos agiotas brasileiros”, concluiu.