Coluna: Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

Agro mineiro faz jus a ótimo resultado de pesquisa

Agro mineiro faz jus a ótimo resultado de pesquisa

Ao contrário do que pregam muitos sedizentes ambientalistas, o agronegócio tem papel crucial no desenvolvimento econômico e social de Minas, consolidando-se como um dos principais pilares da atividade econômica, ao lado da mineração, indústria e serviços.

Por exemplo: o segmento movimentou somente em exportações, entre janeiro a outubro deste ano, cerca de 12 bilhões de dólares, registrando um superávit de 11 bilhões, a partir da comercialização de estupendas 13 milhões de toneladas de produtos do campo.

Neste ponto, destaques para a cafeicultura e o sucroalcooleiro, que representaram, respectivamente, 13.4% e 4.5% de todas as vendas externas do agro no estado. As exportações representaram 36% do total de Minas Gerais. Nada mal, certo?

FATOS SÃO FATOS

E mais: a importância do agro para o estado transcende a mera produção, estendendo-se à toda a cadeia produtiva, desempenhando papel vital na agregação de valor aos produtos, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento de áreas rurais.

Além disso, a logística envolvida na distribuição e comercialização dos produtos impulsiona o setor de transporte e infraestrutura, beneficiando a economia do estado como um todo – sobretudo os modais de transporte e os sistemas de armazenagem.

O agronegócio é, também, forte vetor de inclusão social. Programas de apoio e incentivo à agricultura familiar contribuem para a crescente geração de renda nas comunidades rurais e promovem a sustentabilidade socioeconômica local. Ou seja, como discriminar o setor?

PERCEPÇÃO x REALIDADE

Interessante notar que, neste caso, realidade e percepção da sociedade caminham juntas, algo que não se vê com tanta frequência no País. Via de regra, a população faz leituras dissonantes dos fatos, principalmente em pautas econômicas e políticas.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Quaest, encomendada pelo Sistema Faemg Senar, mostrou que o agronegócio corresponde ao principal negócio do estado para 41% dos mineiros, principalmente para as populações do interior (em média, 48%).

Essa percepção diminui na capital e região metropolitana de BH (em média, 24%), áreas distantes da produção. De modo geral, mineração e indústria aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com 22% e 14%. Eis a consolidação de um bom trabalho.

RECONHECIMENTO

A pesquisa também mostrou a avaliação do setor: 78% da população consideram a atividade positiva (26% atribuem à geração de empregos, 25% à produção de bens importantes e de qualidade e 12% ao desenvolvimento que proporciona ao estado).

Já para a balança comercial brasileira, o agronegócio mineiro desempenha um papel estratégico. Apenas para os cinco maiores importadores (China, Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão), Minas Gerais exportou quase US$ 7 bilhões. Aplausos!

A produção mineira concentra-se em café (um dos maiores produtores do País e do mundo); grãos (destaque para milho, soja e feijão); cana-de-açúcar (matriz energética); pecuária (bovinocultura: carne e leite, avicultura: carne e ovos, e suinocultura).

ENCERRO

Se o Brasil é o celeiro do mundo, como dizem por aí, Minas é o celeiro do Brasil. Por isso, espanta-me a desimportância que o governo federal dedica à agropecuária do estado, bem como a contraproducente campanha negativa de algumas entidades extremistas.

Os ataques levianos a uma atividade imprescindível à vida humana, me faz arrepiar os fios de cabelo que não tenho na calva. Beira a loucura a ideologização e o fanatismo de quem imagina ser possível viver de sombra e água fresca, e não de alimentos.

Para mim, muito mais do que tech ou pop, como pregava uma campanha publicitária antiga, o agro é vida. Simples assim. Ao menos até que me provem o contrário. Quem se habilita?