Os agricultores ameaçaram, nesta segunda-feira (22), recrudescer os protestos na França para pedir “respostas” às suas críticas sobre as elevadas cargas financeiras e as normas ambientais, em plena mobilização agrária em vários países da Europa.

“A partir de hoje (…) e enquanto for necessário, será realizado um certo número de ações”, advertiu na rádio France Inter, Arnaud Rousseau, líder do sindicato agrícola FNSEA, horas antes de se reunir com o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal.

Desde a noite de quinta-feira, dezenas de agricultores bloqueiam a rodovia A64, que conecta Toulouse (sul) a Bayonne (sudoeste), bloqueios que estenderam nesta segunda-feira ao acesso à central nuclear de Golftech (sul).

As razões são muitas: encarecimento da energia em pleno período de inflação, queda de receitas, trâmites burocráticos considerados pesados e normas europeias em matéria ambiental e de uso de pesticidas.

A concorrência das importações ucranianas, assim como os acordos comerciais negociados entre a União Europeia e o Mercosul, também alimentam a insatisfação.

“Para nós, a verdadeira crise gira em torno do preço” dos produtos agrícolas e “das receitas”, assegurou à AFP Laurence Marandola, porta-voz da Confederação de Agricultores, terceiro sindicato do setor.

A insatisfação dos agricultores começou no outono passado (hemisfério norte) de forma pacífica, com a entrega de placas na entrada das cidades para alertar sobre sua situação e sentimento de abandono.

O governo teme uma extensão dos protestos como nos Países Baixos, Romênia, Polônia e Alemanha, onde esse setor multiplicou suas ações contra o Pacto Verde europeu e o aumento de taxas.

Tanto a oposição de direita quanto de esquerda pediram ao governo que desista de aumentar o preço do combustível para os tratores.

Se o governo “não está à altura”, “podemos estar à beira de um grande movimento agrário”, assegurou o presidente da Jovens Agricultores, Arnaud Gaillot, na rede France 2.

A menos de cinco meses das eleições para o Parlamento Europeu, o protesto invadiu o debate político.

O candidato ultradireitista Jordan Bardella, que lidera as pesquisas, criticou “a Europa” do presidente Emmanuel Macron, “que quer a morte da agricultura” francesa.

Para terça-feira, está prevista, em Bruxelas, uma reunião dos ministros da Agricultura da UE.

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