Agricultores da Catalunha, nordeste da Espanha, voltaram a se mobilizar nesta terça-feira (27) contra as dificuldades que o setor enfrenta e bloquearam várias estradas, incluindo alguns pontos de uma movimentada rodovia que liga a Espanha à França.

Uma centena de tratores bloqueou a movimentada rodovia AP-7 em ambos os sentidos, perto de Pontós (Girona), no nordeste de Espanha, a cerca de 40 quilômetros da fronteira com a França.

Durante a manhã, agricultores e pecuaristas deixaram passar alguns caminhões que estavam bloqueados, mas esvaziaram parte das mercadorias de alguns que transportavam frutas e legumes de Marrocos.

“Passamos a manhã inteira esvaziando estes seis caminhões que transportavam produtos do Marrocos”, explicou à AFPTV o agricultor Jordi Ginebreda.

Bloqueios também foram registrados em outras rodovias nacionais do interior dessa região de oito milhões de habitantes, assim como na autoestrada A2, que liga Madri a Barcelona. Até agora, tudo ocorreu sem maiores incidentes.

A mobilização desta terça, que ocorre após outras convocadas nas últimas semanas, pretende centralizar seus protestos contra a “concorrência desleal de importações” de fora da União Europeia, que segundo os manifestantes “não cumprem as mesmas condições exigidas às produções agrícolas dos países membros”, assim como a “redução efetiva da burocracia”, segundo um comunicado emitido pelo sindicato Unió de Pagesos, um dos que convocaram as manifestações.

Além das reivindicações comuns a todo o setor na Espanha e na Europa, os agricultores e pecuaristas catalães sofrem há mais de três anos uma seca histórica e queixam-se das restrições hídricas impostas pelas autoridades locais.

“Temos água nos poços, mas não nos deixam irrigar sob pena de sanções”, queixou-se Xavi Jofre, criador de patos.

Os agricultores catalães já deram uma demonstração de força no começo do mês, quando mil tratores marcharam por Barcelona.

Assim como seus colegas em outros países europeus, que, na segunda-feira, levaram 900 tratores a Bruxelas, os agricultores espanhóis reclamam da burocracia e da complexidade das normas europeias, assim como dos preços baixos a que vendem seus produtos e da concorrência dos artigos estrangeiros, que consideram desleal.

Desde o início do movimento, já foram recebidos várias vezes pelo ministro da Agricultura, Luis Planas, que se comprometeu a defender a nível europeu uma simplificação da Política Agrícola Comum (PAC) e a melhorar a lei espanhola da cadeia alimentar para impedir que os agricultores vendam seus produtos com prejuízo.

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