Farid Ikken, o autor do ataque com um martelo contra um policial em frente à catedral de Notre Dame de Paris, foi apresentado neste sábado a um juiz antiterrorista para uma denúncia formal, anunciou o procurador de Paris, François Molins.

Universitário e jornalista argelino de 40 anos, “profissionalmente integrado”, “nunca havia demonstrado a seus familiares qualquer sinal de radicalização”, declarou o procurador durante uma entrevista coletiva.

“Nunca condenado, desconhecido dos serviços especializados e sem qualquer contato estabelecido, até agora, com indivíduos presentes na zona” da Síria e do Iraque, Farid apresenta “o perfil de um principiante, o que, não obstante, os serviços de luta contra o terrorismo temem tanto quanto os perfis mais aguerridos”, ressaltou.

A procuradoria, que abriu um processo judicial principalmente por “tentativa de assassinato contra uma pessoa da autoridade pública em relação com uma empresa terrorista”, solicitou que ele fosse preso preventivamente.

Em seu computador foram encontrados “documentos de propaganda jihadista” e imagens do atentado de Londres e vídeos que “glorificavam” os de Paris e Bruxelas, informou François Molins.

O exame de seu computador e de quatro dispositivos de memória USB permitiram descobrir um “manual de ação de lobos solitários” editado pela organização radical Estado Islâmico (EI), acrescentou. Esses arquivos teriam sido gravados até “janeiro de 2017”.

Em um dos dispositivos também foram encontradas fotografias de Mohamed Merah, que matou sete pessoas em Toulouse e Montauban (sul da França) em 2012, explicou o procurador de Paris.

Molins falou de “um processo de radicalização extremamente rápido pela internet”.

A investigação possibilitou estabelecer um perfil “impregnado pela propaganda jihadista”.

“Tudo leva a crer que ele agiu sozinho, mas queria compartilhar sua ação” porque tentou, sem sucesso, postar um vídeo em que jurava lealdade ao EI via Telegram, segundo François Molins.

Diante dos investigadores, Farid Ikken “imediatamente reconheceu os fatos” e descreveu a si mesmo como “um muçulmano sunita”, cuja prática religiosa “passou a ser mais dura há cerca de seis meses”.

Ouvido pelos investigadores, o seu orientador na universidade de Metz (leste da França) descreveu um jovem “fervoroso defensor da democracia ocidental”, ressaltando, no entanto, não ter tido mais contato com o acusado nos últimos meses.

Desde 2015, a França tem sido alvo de uma série de atentados islamitas que fizeram 239 mortos. Os últimos visaram particularmente as forças de ordem.