A uma semana das eleições de domingo, 30, um quadro aflitivo toma conta do cenário. Todos os institutos de pesquisa indicam que Lula pode ser eleito, mas ninguém de bom senso descarta uma virada de Bolsonaro no dia do pleito (no primeiro turno, ele cresceu de forma surpreendente).

Já vimos viradas históricas na véspera, mas uma das mais emblemáticas foi a de Jânio contra FHC para prefeito de SP. Por isso, quando vimos o petista iniciando o debate na Band massacrando o capitão com a questão da pandemia, não imaginávamos que ele se transformaria em um ex-presidente acuado e dominado pelo atual mandatário. Isso nos faz refletir. Bolsonaro, com toda sua boçalidade, pode obter mais um mandato? Pode. E o que isso representa para o País?

Não valeria relacionar aqui as razões que nos fazem concluir que o Brasil não pode ter mais quatro anos com um inútil Bolsonaro no Poder, mas se faz necessário em razão das insanidades que o bolsonarismo impôs ao País nos últimos quatro anos são flagrantes.

Basta ver as reportagens que a ISTOÉ publicou durante esse tempo todo, mostrando a destruição da Amazônia, o caos na Saúde – com milhares de mortos por falta de vacinas na pandemia –, os descaminhos de sua gestão em todas as esferas administrativas, a corrupção deslavada em várias pastas, com dinheiro em Bíblias para pastores-lobistas, até chegarmos ao fato mais grave que escancara os malfeitos do atual governo: os desvios de recursos públicos sacramentados no Orçamento Secreto, colocando no chinelo os espertos arquitetos do mensalão petista.

O que mais apavora, contudo, é a iniquidade bolsonarista, o desrespeito às instituições, as ameaças à democracia e uma infinidade de ações que nos fazem crer que podem ser impostas caso o mandatário conquiste um segundo mandato. O pior é que o caminho para um provável golpe institucional está traçado. O projeto de aumentar o número de ministros no STF para ter a Justiça aos seus pés já está sendo idealizado por seus cupinchas. Isso sem contar que ele acaba de obter uma vitória esmagadora para formar um Congresso servil a partir de 2023, composto por aliados gananciosos do Centrão e da extrema direita.

A possibilidade, portanto, do capitão se reeleger não está descartada. Basta ver que, no primeiro turno, um terço dos 156 milhões de eleitores (46 milhões) não votou nem em Lula e nem em Bolsonaro. Foram quase 10 milhões de votos em Simone Tebet (4%) e Ciro Gomes (3%), incluíndo aí também votos nos candidatos inexpressivos. Considerando a abstenção de 20,9% (32 milhões não foram às urnas), está formado aqui um cenário temeroso. Qualquer um deles pode capturar parte desses votos. É verdade que ambos são inadequados para o futuro do País, pelo o que fizeram no verão passado em matéria de corrupção, mas é óbvio que o lulismo está mil anos luz à frente do bolsonarismo. Não tem jeito: agora é Lula.