O cenário eleitoral americano praticamente se definiu esta semana, com uma nova rodada de primárias do Partido Democrata. A chamada miniterça, que no último dia 10 concentrou votações em seis estados, era a última esperança do senador Bernie Sanders em manter-se na disputa pela indicação democrata. Mas a vitória esmagadora do ex-vice-presidente Joe Biden sepultou as esperanças do senador de Vermont e levou a disputa para um novo patamar. Agora trata-se de unir o partido democrata e juntar forças para derrotar Donald Trump.

O resultado que mais favoreceu Biden foi Michigan. Nesse estado, que vota com os democratas desde a década de 1990, Sanders havia superado Hillary Clinton há quatro anos. Trump triunfou em 2016 ao angariar o voto dos operários insatisfeitos com a crise industrial. Biden venceu com o apoio dessa parte da população, o que é um bom sinal. Nessa região do meio-oeste pode estar o caminho que garantirá o seu triunfo nas eleições de novembro. O ex-vice de Obama também venceu no Missouri, Mississippi e em Idaho. Sanders venceu na Dakota do Norte e, no estado de Washington, dois dias após a votação, mantinha uma pequena margem a seu favor. Mas, no fim, amargou mais um resultado decepcionante. No total, Biden já acumula 860 delegados para disputar a convenção de julho. Sanders, 710. São necessários 1.991 para garantir a indicação. Pelas normas da disputa democrata, o panorama daqui em diante é francamente favorável a Biden. Sanders enfrenta sua hora da verdade para decidir se abandona a corrida. Ele pode se manter para defender sua plataforma histórica — como saúde universal e ensino superior gratuito para todos. Mas não há saída. Ficou claro que, como estratégia anti-Trump, os democratas optaram por um retorno à normalidade e à tradição, processo que foi acelerado pela desistência de todos os moderados em favor de Biden.

Biden acena para Bernie Sanders

O líder já mandou um recado para Sanders: “Compartilhamos um objetivo comum e juntos vamos derrotar Trump”. Também acenou para os apoiadores do senador. Precisará conquistá-los para unir o partido. As chances de vencer em novembro dependem do que acontecerá com Trump, que até agora tinha o benefício da bonança econômica e contava com uma reeleição fácil. Mas, não só a economia americana pode ser severamente atingida pela crise como a resposta do presidente tem sido considerada insuficiente para a seriedade da situação. Isso pode facilitar a ascensão de Biden, que seria visto como um nome capaz de fortalecer as instituições e trazer confiança em um período turbulento.