Ministro do Supremo é como a mulher de Cesar. Não basta ser honesto, tem de parecer honesto. Contrariando o ensinamento milenar do imperador romano, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin, demonstra não se importar com o juízo que dele fazem. Nos últimos dias, não se constrangeu em reservar sua agenda para receber uma comitiva de lobistas de Lula, que tenta de tudo para não ser preso após a derrota no TRF4. Estiveram com Fachin em datas diversas não apenas o novo advogado do petista, o ex-ministro Sepúlveda Pertence, como o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho e o ex-chefe de gabinete, Gilberto Carvalho. Sócrates aconselhava os juízes a ouvir cortesmente, responder sabiamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente. Do relator da Lava Jato é o que se espera, enfim.

Caiu na Rede

Um rombo na prestação de contas da campanha de 2016 para a prefeitura de São Paulo complica a Rede, partido de Marina Silva. Na contabilidade dos gastos da candidatura de Ricardo Young, surgiu um problema: desapareceram R$ 100 mil. Pior: não havia nota nem recibo do dinheiro.

Jeitinho brasileiro

Depois de muita celeuma, o caso foi levado ao conhecimento da Executiva Nacional. Numa reunião com membros dos diretórios municipal e estadual, o porta-voz nacional da Rede, José Favaro, disse que era preciso se dar um jeito de qualquer maneira. A saída foi diluir os R$ 100 mil na relação de despesas de campanha.

As razões de Fleury

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Monalisa Lins

O ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho tem bons motivos para não querer a pasta da Segurança. Como governador, nomeou três dos atuais conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Hoje, sua banca de advocacia representa prefeitos junto ao TCE. Além disso, era investigado por compras de armamentos israelitas superfaturados. O escândalo certamente voltaria ao noticiário.

Rápidas

* No PT mais pragmático, já há quem diga que o partido, mesmo contrariando suas bases, vai para o quanto pior, melhor: preferirá Jair Bolsonaro presidente a um candidato tucano, caso seja esse o confronto posto para o segundo turno das eleições presidenciais.

* Os petistas acreditam que, se um tucano vencer a eleição, dificilmente deixará de ficar pelo menos oito anos no poder. Já com Bolsonaro presidente, o PT aposta em voltar ao Planalto em quatro anos, ou até menos.

* “Se tomar posse, não governa”, vaticinou um petista, repetindo a frase de Carlos Lacerda, pronunciada em 1950, quando tentava abortar a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência. Inviabilizado, Getúlio suicidou-se em 1954.

* A oposição reclama que Temer não consultou o Conselho da República antes de decretar a intervenção no Rio de Janeiro. Só para lembrar, nove dos 16 conselheiros são investigados pelo Supremo Tribunal Federal.

Retrato falado

“Enfrentar o crime no Rio e não reforçar a vigilância nas fronteiras é enxugar gelo” (Crédito:Jefferson Rudy)

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) articula os governadores dos estados que têm fronteira com outros países para que pautem o próximo passo das ações federais na área de segurança. A pressão é para que se intensifiquem ali as ações de vigilância. Afinal, é por lá que entram as drogas e armas que vão parar nas mãos do crime no Rio de Janeiro. Um projeto de criação de sistema integrado de monitoramento, chamado Sisfron, todos os anos sofre cortes e é adiado. Para Simone, é hora de implantá-lo.

Ação planejada

A missão das Forças Armadas na intervenção federal no Rio de Janeiro pode até não dar o resultado esperado, mas engana-se quem aposta na falta de plano de ação. A ação federal, dentro da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), permitiu um amplo levantamento da promiscuidade entre autoridades fluminenses e o crime. Desde outubro do ano passado, os Ministérios da Justiça e da Defesa dispõem de um detalhado e sigiloso relatório sobre a atuação do crime organizado no estado e uma relação de policiais envolvidos. Há muita gente da cúpula da PM e delegados do andar de cima da carreira. Serão todos afastados em algumas semanas.

Toma lá dá cá


Paulo Salles, presidente da Agência Reguladora de Águas

Como presidente da Agência Reguladora de Águas, o senhor está à frente da organização do Fórum Mundial das Águas, que começa no dia 17 . O que ele representa?

Trata-se do maior evento do mundo de discussão sobre água. Estamos esperando a presença de mais de uma dezena de chefes de Estado e um total de 40 mil participantes.

O que estará na pauta?

A escassez de água é um problema mundial. O tema central será o compartilhamento da água. Existem 40 bacias hídricas no planeta que são compartilhadas por mais de um país.

Que soluções concretas esperar?
No fórum anterior, realizado na Coreia, foram tomadas decisões importantes por vários países. O mesmo deve acontecer agora.

Missão do general

Na verdade, o saneamento das autoridades ligadas à segurança é uma das principais missões do interventor, general Braga Netto. A avaliação é de que o governo do Rio, infectado por tal promiscuidade, jamais faria tal limpa. E ela é fundamental para qualquer ação mais perene no combate ao crime.

“STF na mão”

Quem esteve com José Dirceu na festa de aniversário promovida pelo ex-presidente da Valec e diretor da ANTT, Mário Rodrigues Júnior, em Brasília, disse que o ex-ministro está convencido de que Lula não será preso. “Sepúlveda (Pertence, ex-presidente do Supremo e novo advogado de Lula) é um craque e tem o STF na mão”, teria dito.

Pé no freio


Dida Sampaio/Estadão

Já sobre seu futuro, Dirceu preferiu deixar em aberto. Mesmo condenado em segunda instância, não quis fazer previsões sobre as chances de voltar à cadeia. O petista tem adotado a cautela em suas últimas manifestações sobre o seu caso pessoal. Não quer passar a impressão de que estaria afrontando a Justiça.

O alvo de Serra

Divulgação

Até o final do ano passado, José Serra conspirava para se candidatar ao governo paulista. Com o avanço da Lava Jato em sua direção por causa de superfaturamentos em obras viárias e do Metrô, resolveu ficar na miúda. Mesmo na moita, porém, Serra articula nos bastidores contra o prefeito João Doria.

 

 


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