Temer quer maior envolvimento da base aliada com os projetos de seu governo (Crédito:Alan Santos/PR)

Depois do feriadão de Finados, Michel Temer retomou à rotina no Palácio do Planalto com disposição redobrada. Sua saúde está recuperada, o mandato não corre mais risco e, portanto, é hora de mostrar serviço, dizem os assessores do presidente. Logo na segunda-feira 6, Temer reuniu-se com líderes aliados na Câmara para tratar dos projetos prioritários do governo. No dia seguinte, recebeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e depois o presidente do Senado, Eunício Oliveira, que se fez acompanhar dos líderes do governo na Casa. Aos convidados, deixou claro que conta com o empenho de todos para dar vida à agenda oficial. Sua palavra de ordem é a seguinte: os projetos — entre eles a reforma da Previdência — são do interesse do País e não apenas da atual gestão.

Pelo social

A cobrança de Temer não se resumiu aos líderes da base aliada. Na volta ao trabalho, ele exigiu dos ministérios os planos de trabalho para 2018. A primeira reunião setorial, com este fim, convocada pela Casa Civil, reuniu os ministros da área social, a saber Saúde, Educação, Cidades, Trabalho, Esportes, Direitos Humanos, Cultura e Ação Social.

Estouro

No balanço da Educação, chamou a atenção o estrondoso rombo do Fies, o fundo que financia gastos de estudantes com universidades: R$ 32 bilhões. Esta é a quantia que deixou de ser reembolsada à União. Daqui em diante, as instituições privadas serão chamadas a arcar com a inadimplência. Portanto, terão de ser mais rigorosas com as matrículas.

O nome dele é Moreira Franco

UESLEI MARCELINO

Nos governos do PT, os grandes projetos de infraestrutura ficavam na órbita da Casa Civil. Foi assim que Dilma Rousseff teve o nome lembrado para a Presidência. No governo Temer, o responsável pelas grandes obras é o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. Coordenador do Programa de Parceria de Investimento (PPI), ele agora também está no comando do Avançar. Será candidato?

Rápidas

* Pesquisa realizada na internet pelo blog Radar Político mostra um resultado surpreendente, bastante diferente do apurado pelo Ibope. Jair Bolsonaro aparece à frente com 56,2% dos votos e João Dória ocupa o segundo lugar com 11,68%. Lula tem 6,84 e Alckmin, 3,65%.

* O deputado federal Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara, tem um sonho de consumo: o Ministério das Cidades. Não vê a hora de o governo Temer fazer a reforma ministerial, que agora é prevista para janeiro.

* Ao defender o projeto que legaliza os jogos de azar no País, e destina seus impostos a um fundo de Segurança Pública, os governadores abriram uma grande polêmica. Mas deixaram em festa o lobby da liberação do jogo do bicho.

* O Ministério Público tem até o dia 15 para decidir se apresenta denúncia contra a ex-deputada Aline Corrêa, filha do ex-deputado Pedro Corrêa. Ela foi indiciada pela PF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Retrato falado

Andressa Anholete

“A delação que Funaro fez me transformou num Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha”

Em seis horas e meia de depoimento à Justiça, o ex-deputado Eduardo Cunha não trouxe nenhuma surpresa, a não ser a velha estratégia de atirar para todos os lados. Ele atacou, principalmente, a delação do doleiro Lúcio Funaro e o chamou de “desprovido de caráter e sem limites para baixaria”. Cunha aproveitou para defender o presidente Michel Temer, dizendo que ele nunca se encontrou com Funaro. Em sua opinião, o doleiro citou Temer apenas para valorizar sua colaboração.

Toma lá dá cá

CARLOS MARUN (PMDB-MS), DEPUTADO FEDERAL

O senhor concorda com uma candidatura própria do PMDB à Presidência?

É claro que temos que ter uma candidatura presidencial. Até mesmo para defendermos e darmos continuidade ao que estamos fazendo. Se isso não acontecer, seremos o centro do alvo destas eleições e isto atrapalhará sobremaneira todos os projetos do partido.

Qual o nome do seu partido que tem melhores condições de encabeçar uma chapa?

Penso que a nossa primeira opção deve sero nome do presidente Michel Temer. Se ele decidir concorrer, é o candidato natural do partido. Caso Temer recuse, o partido tem de buscar opções. Ou nos nossos quadros ou nomes que concordam com nossas teses e que queiram disputar o pleito pelo maior partido do Brasil.

Qual seria o político que está alinhado com os objetivos do PMDB?

O ministro Henrique Meirelles é uma candidatura respeitável. Não vamos assediá-lo, mas ele faz parte da nossa base. E, diante da recuperação econômica, é um candidato forte.

Esperando Huck

Nesses dias em que se lembra o centenário da Revolução Russa, o ex-deputado Roberto Freire está dedicado a uma missão que nada tem a ver com seu passado de dirigente do PCB. Freire, que preside o PPS, está empenhado em atrair Luciano Huck para a legenda. Em reunião em Brasília, afirmou que “o melhor a fazer é aguardar a decisão de Huck”.

VANESSA ATALIBA

É para valer

A candidatura de Huck continua a ganhar corpo. Além de encomendar pesquisa de opinião para testar a viabilidade eleitoral do seu nome, o apresentador da TV Globo mantém conversas com três partidos: PPS, DEM e a Rede, de Marina Silva. O PPS está um passo à frente graças ao esforço de Roberto Freire e do ministro da Defesa, Raul Jungmann.

A marca deixada pela recessão

Edilson Rodrigues

De 2013 para cá, os desembolsos do BNDES caíram de R$ 240 bilhões para R$ 77 bilhões. Um dos motivos foi a menor demanda de crédito por parte dos empresários, como reflexo da recessão. Segundo o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, “isso é compatível com um país que ressuscita dos mortos”.