A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA, na sigla em inglês) instou os 27 Estados-membros do bloco a tomarem “medidas urgentes” que “erradiquem o racismo” na polícia, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira (10).

Pessoas de diferentes origens étnicas denunciam “comentários racistas, vigilâncias mais frequentes e até violência”, afirmou o órgão com sede em Viena, com base em um primeiro inquérito realizado a nível da UE.

Estas práticas “corroem a confiança dos cidadãos e correm o risco de fomentar a exclusão”, lamentou o seu diretor, Sirpa Rautio, citado no comunicado, convidando os Estados da UE a “tomar medidas urgentes” para eliminar “os profundos problemas estruturais”.

A maioria dos países não recolhe dados oficiais e apenas três publicam números regularmente (República Tcheca, Alemanha e Países Baixos), o que torna “difícil avaliar completamente o alcance” do fenômeno e “desenvolver respostas eficazes”.

As ONG e a imprensa costumam relatar os incidentes, mas “a classe política, as lideranças da polícia e a sociedade raramente reagem”, “o que favorece uma cultura de impunidade para os autores dos atos, ao mesmo tempo que alimenta um sentimento de injustiça para as vítimas”, lamentou a FRA.

Outro motivo de preocupação é que os órgãos de supervisão policial muitas vezes “não são independentes” e por vezes possuem “estreitos vínculos” com os agentes envolvidos.

Logo, os denunciantes acabam achando “difícil relatar incidentes de forma segura e confidencial” por medo de “retaliações”, afirma o relatório, que faz um apelo aos países da UE para que lhes ofereçam melhor “proteção”.

Também recomenda melhorar as políticas de contratação para “aumentar a diversidade” nas forças policiais.

Em um relatório recente, a FRA constatou um problema crescente de racismo na UE, com quase metade das pessoas negras entrevistadas declarando que foram afetadas.

Os resultados foram especialmente alarmantes na Alemanha e na Áustria, onde a percentagem ultrapassou os 70%.

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