O organismo de controle nuclear da ONU afirmou nesta terça-feira que não observa nenhum indício de interrupção das atividades nucleares na Coreia do Norte, apesar das promessas de desnuclearização.

“A continuidade e o desenvolvimento do programa nuclear da República Democrática Popular da Coreia do Norte são extremamente preocupantes”, afirma o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano.

O relatório, publicado na segunda-feira à noite, será apresentado durante a assembleia geral anual da AIEA em setembro.

A agência da ONU, que não tem presença na Coreia do Norte desde a expulsão de seus inspetores em abril de 2009, revelou especificamente que dispõe de informações sobre atividades relacionadas ao “laboratório radioquímico” norte-coreano “entre o fim de abril e o início de maio de 2018”, ou seja, depois da reunião das duas Coreias em abril.

O organismo de controle monitora a situação com imagens de satélite.

“Como a agência continua sendo incapaz de realizar atividades de verificação na República Popular da Coreia, seu conhecimento do programa nuclear é limitado e, à medida que outras atividades nucleares acontecem no país, este conhecimento está diminuindo”, afirma o relatório.

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O documento também destaca que o reator experimental de Yongbyon continua seu “ciclo operacional” iniciado em dezembro de 2015.

A central, no entanto, não permaneceu operacional por tempo suficiente para o processamento de um núcleo completo do reator experimental da central de energia nuclear, completa.

“Desde dezembro de 2015, quando começou o ciclo operacional atual, registramos indícios consistentes com vários períodos curtos nos quais o reator foi desligado. Mas nenhum destes períodos teve duração suficiente para uma descarga completa. As observações da AIEA indicam que o ciclo operacional atual é mais longo que o anterior”, afirma o relatório.

A AIEA destacou ainda que Pyongyang prossegue com a construção de um reator de água leve, assim como com a extração e concentração de urânio na unidade de Pyongsan.

Amano considerou “lamentável” as atividades que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e pediu mais uma vez que a Coreia do Norte “cumpra plenamente com suas obrigações internacionais”. Também destacou que a agência está pronta para retomar rapidamente as inspeções.

O dirigente norte-coreano Kim Jong-un reafirmou em 12 de junho o compromisso a favor de uma “desnuclearização completa da península coreana”, em uma reunião sem precedentes com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O dirigente da Coreia do Norte anunciou o objetivo em 27 de abril em uma reunião com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, mas as declarações de intenção não foram acompanhadas de nenhum calendário nem modalidades para executá-las, muito longe da desnuclearização “completa, verificável e irreversível” exigida pelos Estados Unidos.

As duas Coreias tê uma nova reunião de cúpula agendada para setembro em Pyongyang.

O Departamento de Estado americano afirmou na semana passada que as discussões com a Coreia do Norte estavam no “bom caminho”, ao mencionar as reuniões a porta fechada entre Washington e Pyongyang.

A Coreia do Norte criticou o governo americano por suas demandas “unilaterais” e “o estilo gangster” para realizar o desmantelamento completo do arsenal atômico de Pyongyang.


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