Os Estados Unidos suspenderam nesta sexta-feira (26) o financiamento à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), depois que este órgão, há muito tempo na mira de Israel, demitiu vários supostos envolvidos no ataque do Hamas em 7 de outubro.

“Decidi rescindir com efeito imediato os contratos desses funcionários e iniciar uma investigação para estabelecer a verdade sem demora”, declarou o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, após ser informado por Israel sobre a suspeita.

“Qualquer funcionário que tenha envolvimento em atos de terrorismo terá que prestar contas, inclusive mediante ações legais”, acrescentou Lazzarini em comunicado.

Pouco depois, os Estados Unidos anunciaram que suspenderiam “temporariamente o financiamento adicional” à agência da ONU.

Washington está “extremamente preocupado” com as acusações de que 12 funcionários da UNRWA teriam envolvimento no ataque, indicou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

O titular da diplomacia americana, Antony Blinken, destacou a “necessidade de uma investigação rápida e exaustiva sobre esta questão”, em uma conversa com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O ministro das Relações Exteriores israelense exigiu, por sua vez, uma “investigação interna exaustiva das atividades do Hamas e outras organizações terroristas” na UNRWA.

– Duro golpe à UNRWA –

Israel já havia acusado a agência da ONU de corrupção e conivência com o Hamas, o que a UNRWA sempre negou.

As informações desta sexta representam um duro golpe para a agência, que já vinha tendo dificuldades para financiar suas operações nos últimos anos.

Os Estados Unidos, os principais contribuintes, haviam cancelado seu financiamento durante o mandato do ex-presidente Donald Trump, que considerou que suas atividades não eram neutras.

A chegada de Joe Biden à Presidência representou um respiro, com o anunciado restabelecimento de ajudas pelo valor de 340 milhões de dólares em 2021 (quase R$ 2 bilhões, em valores da época).

As relações entre Israel e UNRWA pioraram depois que a agência atribuiu, na quarta-feira, a tanques israelenses os disparos contra um de seus centros de acolhimento de deslocados em Khan Yunis, no sul de Gaza.

Pelo menos 13 pessoas morreram e 56 ficaram feridas nesse ataque segundo a agência, que denunciou uma “flagrante violação das regras fundamentais da guerra”.

O Exército israelense afirmou que vai abrir uma “investigação exaustiva” de suas operações na área, mas não descartou a responsabilidade do Hamas no ataque.

O Exército israelense é a única força a ter tanques destacados em Gaza, que é bombardeada sem descanso desde o ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro, que causou a morte de aproximadamente 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP realizado com base em dados oficiais israelenses.

A ofensiva militar lançada por Israel em resposta deixa, até o momento, 26.083 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Hamas, que governa o território palestino.

A UNRWA lembrou nesta sexta que “mais de 2 milhões de pessoas” dependem em Gaza da ajuda que proporciona desde o início da guerra.

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