A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) informou nesta segunda-feira(21) que estava recebendo “mensagens desesperadas de fome” de sua equipe na Faixa de Gaza, sitiada após mais de 21 meses de guerra.
Este alerta segue os emitidos regularmente pela agência e por diversas ONGs, que vêm advertindo há meses sobre os riscos de fome no território palestino, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias críticas.
A Defesa Civil local e Médicos Sem Fronteiras (MSF) relataram um aumento acentuado nos casos de desnutrição nos últimos dias, enquanto a ajuda humanitária chega a conta-gotas.
Em uma publicação na rede social X, a UNRWA observou que a escassez em Gaza fez com que os preços dos alimentos aumentassem 40 vezes.
“Levantem o cerco e permitam que a entrada de ajuda com segurança e em massa”, instou a agência, que afirmou ter reservas suficientes em seus armazéns fora de Gaza para alimentar “toda a população por mais de três meses”.
No final de maio, Israel suspendeu apenas parcialmente o bloqueio total imposto à Faixa de Gaza no início de março, o que levou a uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, 18 pessoas morreram de fome em 24 horas entre sábado e domingo.
“Bebês menores de um ano sofrem com a falta de leite, o que causa perda significativa de peso e diminuição da imunidade”, disse Mohamed Abu Salmiya, diretor do Hospital al-Shifa em Gaza.
No entanto, Israel declarou nesta segunda-feira que não havia “nenhuma proibição ou restrição à entrada de leite materno ou alimentos para bebês em Gaza”.
“Nosso compromisso permanece firme: apoiar a ajuda humanitária aos civis, não ao Hamas [movimento islamista palestino]”, escreveu no X o Cogat, órgão israelense responsável por assuntos civis nos territórios palestinos.
A guerra eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas lançaram um ataque surpresa no sul de Israel, matando 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Israel prometeu destruir o Hamas e, em retaliação, lançou uma ofensiva que matou pelo menos 58.895 pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
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