23/10/2020 - 19:35
Os países de África ainda recebem pouca atenção dos investidores internacionais, mas isso vai mudar. A desvalorização absurda do Real está obrigando investidores Brasileiros a olhar para outras geografias — fora da Europa e dos Estados Unidos — e no que diz respeito aos negócios do futuro, África is (really) the new Black.
Quem sabe tudo sobre é Natália Dias, a diretora geral do banco africano Standard, que dá tática do business transatlântico como quem celebra os 80 do Pélé.
Como é mesmo que a gente tropicaliza a estratégia? Fácil! É só parar de pensar como se estivesse na Paulista ou na Liberdade. Deixar pra lá os bureaus dos Champs Elysées, os ófis da Fitfh Avenue e os salamaleques da City.
Natália sabe tudo sobre a força da grana que brota na savana. É preciso tirar o corpo das vossas cadeiras, senhores! Peguem um avião e vão conhecer novos sócios e sócias — lá na baia de Luanda, na Ilha de Moçambique ou no Golfo da Guiné.
Olha os números! África teve um crescimento de 55% do PIB nos últimos dez anos. Tem uma população praticamente igual à da China e a proporção de habitantes em áreas urbanas deve saltar de 39% em 2010 para 59% em 2050.
Quem quer encontrar bons negócios tem de ouvir a Natália! Ela sabe como pedir um café em Dakar, achar um banco em Ndjamena e preencher o formulário certo em Nairobi.
Na década passada, a economia dos países da África Subsaariana cresceu a uma taxa média anual de 4,1%, ante 3,7% na média global, chegando a US$ 4,4 bilhões em 2019. O continente foi impulsionado por crescimento em diversos setores, como agricultura, infraestrutura, óleo & gás, mineração e telecomunicações – e, principalmente, pela ascensão da classe média.
Mas é preciso reganhar o fôlego! As empresas brasileiras exportam hoje menos da metade do que vendiam em 2013. A Petrobras levantou âncora de Angola e encerrou uma presença de quatro décadas no continente e na sequência disso muitas das construtoras logo recuaram.
Até os gigantes do agronegócio deixaram de aproveitar as margens de lucro e passaram a usar tradings em vez de vender diretamente a um mercado que vale 30 mil milhões de dólares em cada ano.
De 26 a 28 de outubro eu vou ficar colado na tela do “Focus em África” só para ouvir a Natália me ensinar em que aeroporto do Gabão vamos aterrissar.
A dona McKinsey diz que em África o mercado de consumo, que somou 1,4 trilhão de dólares em 2015, deve atingir 2,5 trilhões em 2030. Não dá para ficar de fora!