Um leilão de pertences de Nelson Mandela, previsto para o próximo mês em Nova York com a venda de itens que incluem seu documento de identidade e algumas camisas coloridas, pode não ser realizado, após causar indignação no governo sul-africano.

“O ex-presidente Nelson Mandela faz parte do patrimônio sul-africano”, afirmou, nesta sexta-feira (19), o ministro da Cultura, Zizi Kodwa, em um comunicado, no qual reivindicou que os elementos da “obra de sua vida fiquem no país”.

Ele apresentou, portanto, um recurso para impedir “a exportação não autorizada” de objetos com destino a uma empresa de leilões relacionada à filha do primeiro presidente negro sul-africano, Makaziwe Mandela, acrescentou o ministro.

Uma centena de “objetos preciosos” que pertenceram ao herói da luta contra o apartheid estão no catálogo de venda, segundo o site da casa Guernsey’s.

Uma camisa de seda preta, que Mandela vestia quando se encontrou com a rainha Elizabeth em 1996, tem preço inicial sugerido de 34 mil dólares (167,5 mil reais). Um porta-documentos de couro de avestruz é oferecido por 24 mil dólares (118,2 mil reais).

Também fazem parte do pacote cartas e presentes de Barack Obama e Bill Clinton, além do documento de identidade original de Mandela, de 1993, que sai a partir de 75 mil dólares (369,6 mil reais).

Trata-se de um leilão “excepcional” e “sem precedentes”, enfatizou a Guernsey’s.

No entanto, o incômodo do governo sul-africano coloca a casa de leilões americana “em uma posição muito difícil, ao ponto de nos perguntarmos se poderemos realizar o leilão”, previsto para 22 de fevereiro, disse à AFP o presidente de Guernsey’s, Arlan Ettinger.

De acordo com Ettinger, a filha de Mandela autorizou a venda para arrecadar fundos para a construção de um jardim em memória do Nobel da Paz, perto de seu túmulo, em Qunu, seu povoado de origem, no sul da África do Sul.

A AFP não conseguiu entrar em contato com Makaziwe Mandela.

Nelson Mandela morreu em 2013, aos 95 anos.

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