AFP pede a Israel ‘investigação transparente’ sobre ataque contra jornalistas no Líbano

A Agence France-Presse exigiu, nesta quinta-feira (23), uma “investigação completa e transparente” por parte de Israel sobre um ataque a jornalistas no sul do Líbano há dois anos, no qual morreu um repórter da Reuters e outros ficaram feridos, incluindo dois repórteres da AFP.

Em 13 de outubro de 2023, um ataque matou o cinegrafista da Reuters Issam Abdallah e deixou outros seis jornalistas feridos. Entre eles, havia dois repórteres da AFP, Dylan Collins e Christina Assi, que teve a perna direita amputada.

Uma investigação independente da AFP concluiu que dois projéteis de tanques israelenses de 120 milímetros vieram do norte de Israel, na fronteira com o sul do Líbano.

Estas descobertas foram corroboradas por outras investigações internacionais lideradas por Reuters, Comitê para a Proteção de Jornalistas, Human Rights Watch, Anistia Internacional e Repórteres Sem Fronteiras.

“Apesar das provas claras e fundamentadas de origem balística, satelital e humana, as autoridades israelenses nunca forneceram uma declaração ou explicação concreta sobre este ataque”, declarou a AFP nesta quinta-feira.

“Há alguns dias”, a agência de notícias francesa recebeu “uma resposta muito breve do Exército israelense: ‘O incidente está sendo revisado e ainda não foram estabelecidas as respectivas conclusões'”, acrescentou o comunicado.

Em seu comunicado, a AFP lamenta a “total falta de resposta ou explicação por parte do Exército israelense”.

Também “exige que o Exército israelense abra uma investigação completa e transparente sobre este gravíssimo incidente”. “Isto é essencial para proteger os jornalistas e garantir a liberdade de informação”, afirma o texto.

A AFP reiterou que os jornalistas estavam claramente identificados como civis, pois usavam capacetes e coletes com a inscrição ‘Imprensa’ e que não havia presença militar visível no local.

O relator especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Morris Tidball-Binz, declarou em 13 de outubro que a ação contra os jornalistas foi “um ataque premeditado, seletivo e de duas frentes por parte das forças israelenses, uma clara violação (…) do direito internacional humanitário, um crime de guerra”.

“A impunidade neste caso (…) constitui uma grave violação do direito internacional humanitário e uma ameaça à liberdade de imprensa”, declarou a AFP.

bur/at/ib/msr/dbh/yr/aa