Construído sobre os escombros do nazifascismo, o segundo Pós-Guerra despertou esperanças que chegaram a se materializar em algumas novas democracias liberais e até nutriu o sonho de uma próxima “universalização” do regime democrático.

Hoje, os mais renomados observadores internacionais concordam em que aquele momento de esperança foi apenas um breve interlúdio. Onde esperávamos ver chefes de Estado íntegros e capazes de compreender a importância de um mundo pluralista, vemos o mesmo indefectível Nicolás Maduro na Venezuela, Daniel Ortega na Nicarágua, Victor Orbán na Hungria, sem esquecer o alucinado Vladimir Putin na Rússia. Mesmo incompleta, esta lista evidencia que chegamos à antípoda de tudo o que o Ocidente ousou cultivar desde o Século das Luzes.

Desde a derrocada dos regimes autoritários (distintos dos totalitários) que se constituíram no Cone Sul da América Latina nos anos 1960 e 1970, as democracias que os sucederam não tiveram pernas para sustentar a caminhada. Mesmo os Estados Unidos, sempre louvado como ícone da civilização democrática, cedeu a uma esdrúxula radicalização no confronto Donald Trump X Hilary Clinton e dá claros sinais de uma recidiva racista que até anos atrás parecia impensável. Sem esquecer a China, cujo perfil de Golias lembra o minúsculo Davi chileno dos tempos do general Pinochet, combinando um capitalismo selvagem com um totalitarismo político rigorosamente monolítico.

Um aspecto curioso na vida política dos povos é que o número de cidadãos que
acredita no progresso é muito maior que o dos que admitem o retrocesso

No Brasil, a polarização entre dois populismos que tempos atrás pareciam espécies em extinção não recomenda otimismo. Nove em cada dez analistas apostam na continuidade da estupidez política, em uma economia incapaz de decolar, numa população com índices alarmantes de quase analfabetismo e em número espantoso de família catando no lixo os ossos de que irão precisar para a sopa da noite.

Um aspecto curioso na vida política dos povos é que o número dos cidadãos que acredita no progresso é muito maior que o dos que admitem o retrocesso. Poucos conhecem ou se lembram de nossa vizinha Argentina, que por volta de 1900 ostentava uma renda anual por habitante superior à da Espanha, da Itália, da Alemanha e até à da Suécia. O porto de Buenos Aires só perdia em volume de cargas para o de Rotterdam.

Hoje, à mercê de sua imbatível sucessão de trapalhadas políticas, digladia-se com uma inflação estratosférica e tem uma parcela considerável de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. Sorte nossa termos estadistas do calibre de Lula e Jair Bolsonaro.
Sim, sorte nossa.