O ano letivo no Afeganistão começou nesta quarta-feira (20), o terceiro consecutivo em que as mulheres são proibidas de comparecer às aulas do Ensino Médio, anunciou o Ministério de Educação.

As autoridades do regime talibã proibiram a presença das mulheres nas escolas do Ensino Médio em março de 2022, depois que expulsaram o governo apoiado pelo Ocidente e recuperaram o poder em agosto de 2021.

O ministério anunciou na terça-feira o início do ano letivo em todas as províncias, durante uma cerimônia em Cabul.

O convite enviado à imprensa especificava que mulheres jornalistas não poderiam fazer a cobertura da cerimônia.

O governo talibã impôs uma interpretação rigorosa do Islã, que restringiu drasticamente os direitos das mulheres. A ONU descreveu as medidas como “apartheid de gênero”.

“Há mais de 900 dias as meninas com mais de 12 anos não podem ir à escola”, lamentou a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama, na sigla em inglês).

A organização pediu ao Talibã que coloque fim a esta medida “injustificável e prejudicial”, considerando que “a educação é essencial para a paz e prosperidade”.

As universidades iniciaram o ano letivo recentemente, também sem mulheres, que foram vetadas do Ensino Superior em dezembro de 2022.

Zuhal Shirzad, de 18 anos, teve que abandonar o Ensino Médio há três anos.

“Estava prestes a entrar em depressão. É muito difícil para mim que meninos da minha idade estudem e eu não. É uma discriminação de gênero, mas nunca abandonarei meus sonhos”, disse a jovem entrevistada pela AFP em Cabul.

“Se as escolas de Ensino Médio não reabrirem (às jovens), continuarei estudando online para me tornar uma mulher de negócios”, acrescenta.

Embora existam cursos online, eles estão reservados às adolescentes que possuem acesso à internet. Mas este fato não as impede de sentir que estão atrasadas em relação aos meninos e, ao mesmo tempo, de se sentirem desconectadas.

As mulheres, que já haviam sido proibidas de praticar esportes, visitar museus, parques ou de ir a um salão de beleza – cujo acesso ao emprego é muito restrito – foram aos poucos apagadas dos espaços públicos sob a administração talibã.

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