Não é de hoje que digo e irei repetir: Jair Bolsonaro é, sem a menor sombra de dúvidas, o pior e mais danoso líder político que o Brasil já teve, ao menos desde a redemocratização, quiçá, de toda a nossa triste história como nação – eu disse “nação”? Huuum…

O verdugo do Planalto representa, dentre tantas malignidades e asquerosidades, o que há de pior no ser humano: amoralidade. Atenção: imoralidade é uma coisa – por exemplo, Lula da Silva é um imoral – e amoralidade (ausência de moral) é outra, bem diferente.

Ser imoral é uma escolha consciente. Rouba-se, mata-se, corrompe-se, destrói-se por gosto, por predileção, por opção. Sim, Bolsonaro, em muitos casos, é também imoral, mas eu trato aqui, e agora, de algo ainda pior; trato de sociopatia.

O amigão do Queiroz é desprovido de compaixão, de empatia, de um mínimo senso de humanidade e civilidade. É capaz de desprezar os enlutados, de zombar dos doentes, de pisotear os famintos, de desprezar quem sofre, de achincalhar a própria filha e esposa.

Sim, o devoto da cloroquina disse que teve uma filha (mulher) porque “deu uma fraquejada”. E mais uma vez, em público, diante de uma multidão em Brasília, constrangeu de forma grotesca a primeira-dama Micheque, ops!, Michelle Bolsonaro, com o coro de “imbrochável”.

O amigão do Queiroz já comparou um rapaz negro a um animal de corte. Já disse preferir um filho morto a um filho gay. Já defendeu o extermínio dos índios. Já fez apologia ao estupro de uma parlamentar. Agora, uma vez mais, investe sobre a criançada inocente.

Há alguns meses, ou anos, não me lembro e não estou com paciência para pesquisar, o maníaco do tratamento precoce carregou sobre os ombros (que carregam a culpa por 700 mil mortes por covid-19) uma criança com um fuzil de plástico, exibindo-a como um troféu.

Antes disso, ou depois, pouco importa, ensinou uma garotinha a fazer “arminha” com os dedos (aquele gesto idiota que simboliza tão bem o bolsonarismo). Aliás, também com uma garotinha, retirou, à força, a máscara que ela usava para proteger-se contra o coronavírus.

Hoje, quinta-feira (8/9), um dia após o 7 de setembro mais criminoso (eleitoralmente) e infame da nossa grotesca história, o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões em dinheiro vivo voltou a assediar moralmente as crianças, dessa vez no Palácio do Planalto.

Em uma cerimônia inútil qualquer, o “mito”, cercado pela molecada, simplesmente as instruiu a considerar a oposição política, no caso, o PT, um “mal”, estimulando, desde já, o ódio e a intolerância partidária, o que é, aí sim, intolerável em uma democracia.

Pior. Não satisfeito, chamou Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, de “sem dedinho”, como se uma mutilação, ou mesmo um defeito congênito, trouxesse mácula moral a alguém. Ele estava rodeado de crianças, e molestou o chefão petista pelo dedo amputado!!

Fico aqui a imaginar os pais e as mães de crianças especiais e/ou com mutilações, maiores ou não, que a do ex-tudo (ex-presidente, ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), restrita a seu dedo mindinho da mão esquerda; o que sentiram?

Você que me lê pode detestar Lula da Silva (eu o detesto!) e o ofender (eu o ofendo!), mas jamais deverá fazê-lo defronte a uma criança, nem muito menos estimulá-la a se comportar como você (se for seu caso). Há que se ter a mínima noção de certo e errado. E de tempo.

É inaceitável, sob qualquer argumento, um presidente da República, ou seja, o presidente de todos os brasileiros (pretos, brancos, ricos, pobres, de esquerda, de direita, com ou sem defeitos físcios), debochar de um mutilado e estimular o ódio infantil contra este.

Que pai ou mãe se sentiria feliz em ter o filho zombado por um dedinho amputado? Que pai ou mãe acharia correto ter o filho instruído a zombar de alguém mutilado, ou queimado, ou sei lá qual tipo de situação? Que pai ou mãe gostaria de ver o filho crescer intolerante?

Bolsonaro é, como iniciei o texto, um amoral, um sociopata. Na verdade, é um cretino que jamais poderia ocupar o cargo que ocupa. É um molestador da moral de crianças!! Repito: molestador da moral de crianças. Deveria estar sob processo judicial (também) por isso.

Mas o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código Penal e a Lei do Impeachment (crimes de responsabilidade) são instrumentos seletivos no Brasil, para uso exclusivo contra quem o agente/poder público quiser. Bolsonaro e seus inúmeros crimes são, ao menos até agora, inimputáveis.