AES diz estar otimista com possibilidade de solução para risco hidrológico

O presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, afirmou estar otimista com possibilidade de solução para a questão do risco hidrológico (genericamente classificado como GSF, no jargão setorial) no mercado livre. Uma proposta de solução foi incluída no relatório da Medida Provisória 814/2017, que trata das distribuidoras da Eletrobras. “Estamos otimistas, o texto é muito bom, há acordo, uma visão comum do governo e do setor, mas estamos em processo político”, disse, citando que o texto tem de ser aprovado nesta quarta na comissão mista do Congresso que analisa a MP, para então seguir para votação na Câmara e no Senado. “Estamos otimistas, mas vamos ver”, reforçou.

A AES Tietê é uma das principais geradoras envolvidas na discussão sobre o GSF no mercado livre, um assunto que já levou a uma inadimplência no mercado de curto prazo da ordem de R$ 6 bilhões. A companhia é uma das empresas que possui liminar ainda vigente que a permite não pagar por custos que considera que não deveriam ser assumidos por ela. No entanto, tem provisionado recursos para o pagamento dos valores em aberto, seja para o caso de um acordo, seja para o caso de uma queda da liminar, já que nos últimos meses o governo federal conseguiu derrubar outras relacionadas ao caso.

Durante a teleconferência, a diretora vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da AES Tietê, Clarissa Sadock, afirmou que a companhia está “guardando caixa para a discussão do GSF” e citou a possibilidade de entrar e acordo como também a queda da liminar.

Ao ser questionada sobre o alto volume de recursos mantidos no caixa da companhia – de R$ 1,67 bilhão na controladora, ou R$ 1,74 bilhão no consolidado – a executiva justificou que a companhia trabalha com a perspectiva de desembolsos relacionados a essa questão e também a investimentos de curto prazo, em particular no complexo solar Boa Hora, que começou a ser construído neste ano, e no Água Vermelha, que somam 150 MW e exigirão cerca de 600 milhões.

Segundo ela, desconsiderando os dois fatores, o montante seria reduzido “ficando no caixa de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões”. “Não queremos segurar caixa dos acionistas, quando tem caixa disponível, vamos pagar”, afirmou. A companhia anunciou a distribuição de R$ 68,8 milhões de dividendos no primeiro trimestre, com payout de 126%.

Sadock garantiu que não será mantido recurso para potenciais aquisições e lembrou que os projetos recentemente assumidos passarão a gerar Ebitda em breve, abrindo espaço para futuras compras.

A diretora de Finanças também comentou que a AES Tietê já está trabalhando em uma para nova emissão, de volume menor que os R$ 1,2 bilhão em debêntures emitida recentemente.