MOBILIDADE Melhorias na infraestrutura já começaram: nova área externa integrada aos outros meios de transporte foi inaugurada no ano passado (Crédito:ANDRE COELHO)

Brasília é uma cidade diferenciada por diversos aspectos. A arquitetura e o desenho urbanístico de Lúcio Costa e Oscar Niemayer encantam, mas muitas vezes dificultam a chegada de novos empreendimentos. Bem diferente do caos urbanístico da capital paulistana, a capital do Brasil foi construída respeitando conceitos de horizontalidade, setorização e funcionalidade, características do seu Plano Piloto original. A partir de 2022, no entanto, o entorno do Aeroporto Internacional de Brasília se prepara para receber um novo setor, que pode vir a ser o maior em lazer, serviços e negócios entre todos os terminais do País. Nada mais justo: Brasília já possui o maior trânsito de voos nacionais do território nacional.

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O projeto é da Inframerica, concessionária que, depois de dez anos, começa a definir seus primeiros negócios. A primeira parte da incorporação propõe o investimento de R$ 700 milhões para um plano ambicioso, que prevê a construção de um centro de convenções, um shopping e um hotel integrados ao terminal. “O plano é incorporar um centro de entretenimento para até sete mil pessoas, mas com modulações que também permitirão receber públicos bem menores, de até 100 pessoas”, afirma Jorge Arruda, presidente da Inframerica. “Teremos ainda três operações no local, uma delas voltada para o mercado cultural. Já temos os fornecedores das 12 mil peças de arte contemporânea brasileira que serão exibidas no centro de exposições.” Para construir o local, a empresa avalia que serão necessários R$ 60 milhões.

A Inframerica mantém sigilo sobre os empreendedores que já fecharam contratos. Sabe-se que o projeto contará também com um hotel de luxo. “No terminal já existe um prédio da rede Ibis”, diz Adriano Capobianco, diretor comercial da Partage, empresa que será a responsável pelo projeto do shopping. “A ideia do complexo é servir ao aeroporto, mas também à cidade, pois estamos muito perto da área residencial sul, conhecida pelo alto poder aquisitivo.”

A Partage, primeira empresa confirmada na negociação, vai investir cerca de R$ 250 milhões. Brasília já tem 20 shoppings, mas, segundo ele, nenhum que seja voltado ao público de alto padrão. “O novo projeto será totalmente integrado à área aberta de mata nativa do cerrado”, diz Capobianco. O prédio terá 60 mil m2, com 130 lojas, 11 restaurantes, 11 redes de fast food e 7 salas de cinema distribuídos ao longo de uma planta horizontal. O grande diferencial será o Mercado Gastronômico, semelhante ao sofisticado Eataly, de São Paulo. O anúncio das incorporações deveria ter saído antes da pandemia, mas diante da nova realidade, a Inframerica optou por inaugurar sem alarde a nova área externa de pick-up, que integra a saída do aeroporto aos outros modais de transporte. Com a melhora permitida pela vacinação, a Inframerica deu andamento ao projeto graças a uma mudança aprovada pelo governo em relação ao período que as empresas poderão permanecer no local. O Ministério da Infraestrutura, por portaria, definiu que os contratos da Inframerica com os parceiros valem até 2067 e serão herdados pela nova concessionária que assumir o aeroporto.