Os advogados americanos do fundador da WikiLeaks, Julian Assange, apresentaram nesta segunda-feira (15) uma ação contra a agência de inteligência CIA e seu ex-diretor Mike Pompeo, que acusam de ter gravado suas conversas e copiado o conteúdo de seus celulares e computadores.

Junto com dois jornalistas também dos Estados Unidos, os advogados denunciam que a CIA violou o direito constitucional à proteção de conversas confidenciais, neste caso do australiano Assange.

Eles afirmam que a CIA trabalhou com uma empresa de segurança contratada pela embaixada do Equador em Londres, onde Assange vivia na época, para espionar o ativista, seus advogados, jornalistas e outras pessoas com quem ele se reunia.

Assange foi detido pela polícia britânica em 2019 após se refugiar durante sete anos na embaixada equatoriana. Desde então está preso em Belmarsh, próximo à capital da Inglaterra.

Em 17 de junho, o governo britânico anunciou a assinatura de um decreto para sua extradição aos Estados Unidos, mas Assange recorreu da decisão.

Os Estados Unidos o acusam de publicar em 2010 documentos militares e diplomáticos relacionados às guerras do Afeganistão e do Iraque. Se condenado, ele pode receber uma pena de até 175 anos de prisão.

Robert Boyle, o advogado de Nova York que representa os demandantes, disse que a suposta espionagem dos juristas significa que o direito do australiano a um julgamento justo “foi contaminado, se não destruído”.

‘A gravação de reuniões com amigos, com advogados e a cópia das informações digitais de seus defensores e amigos contamina o processo penal porque agora o governo conhece o conteúdo dessas comunicações”, alegou Boyle à imprensa.

‘É preciso haver sanções, até mesmo a exoneração dessas acusações ou a retirada do pedido de extradição, em resposta a essas atividades flagrantemente inconstitucionais”, acrescentou.

A ação judicial foi iniciada pelas advogados Margaret Ratner Kunstler e Deborah Hrbek e os jornalistas Charles Glass e John Goetz. Todos visitaram o fundador da WikiLeaks enquanto ele morava na embaixada equatoriana em Londres sob asilo político.

O processo cita a CIA, o ex-diretor da agência, o ex-secretário de Estado americano Pompeo, a empresa de segurança Undercover Global e seu diretor executivo David Morales Guillén.

Segundo a ação, a Undercover Global, que tinha um contrato de segurança com a embaixada, se apropriou de informações de seus dispositivos eletrônicos e as forneceu à CIA.

Também teria instalado microfones pela embaixada e enviado à agência as gravações, além de imagens de câmeras de segurança. Tudo isso, de acordo com os advogados, viola as proteções à privacidade dos cidadãos americanos.