O velório de Márcio Louzada Carpena, morto em um acidente aéreo na cidade de São Paulo na sexta-feira, 7, será realizado na manhã de domingo, 9, em Porto Alegre, cidade onde o advogado residia. A informação foi publicada pela Carpena Advogados, que o tinha como sócio, em postagem no Instagram.
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Na publicação, o escritório informou ainda que permanecerá fechado por luto. Márcio Carpena era o proprietário do Beechcraft King Air F90 que decolou do aeroporto do Campo de Marte e caiu na Marquês de São Vicente, avenida localizada na zona oeste da capital paulista. O piloto Gustavo Medeiros também morreu na queda.
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O acidente
O avião que levava Carpena e Medeiros levantou no Campo de Marte por volta das 7h e perdeu contato com a torre de controle por volta das 7h16. Segundo um piloto de outra aeronave, que aguardava autorização para levantar voo no mesmo momento, o comandante do King Air F90 pediu “retorno imediato” ao aeroporto logo após a decolagem.
Sem consumação da manobra de retorno, o piloto tentou fazer um pouso forçado na região da Barra Funda e o avião caiu na Marquês de São Vicente, onde centenas de veículos trafegavam no horário. Um ônibus foi atingido na colisão e pegou fogo. Seis pessoas que estavam no ponto e um motociclista que passava no local ficaram feridos.
De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico), foram acionados para realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave.
Ao site IstoÉ, o especialista em segurança aérea Roberto Peterka e o piloto-comandante de Boeing 777 Rafael Santos afirmaram haver todos os indicativos de que uma tentativa de pouso forçado — e não emergencial –precedeu a queda. “Esse mergulho repentino da aeronave, no geral, é causado por um problema de operação”, acrescentou Peterka.
Para ele, as imagens do acidente indicam que o King Air havia perdido tração. “No momento do mergulho, as pás das hélices estavam em passo bandeira, o que é característico da ausência de tração. Em uma comparação grosseira, uma aeronave sem tração é como um carro engatado em ponto morto: você pode acelerar, mas ele não sairá do lugar”, afirmou.
Um condicionante do ano de fabricação da aeronave é a grande probabilidade de falta de caixa-preta, cujas gravações são usadas para a apuração de acidentes. “Esse fator dificulta as investigações, mas não as inviabiliza. Mesmo com as gravações da caixa-preta, o objetivo é encontrar uma coincidência entre as ações dos pilotos e o material delas, por meio de análise. Ela ajuda, mas não baseia a investigação”, avaliou Peterka.
“Os investigadores irão analisar, a partir das imagens, como o avião desceu, a gravação das conversas entre o piloto e a torre de comando, que não foram comprometidas, se houve ou não tempo de sanar o problema que afetou os motores da aeronave, que serão desmontados, a sobra de instrumentos que não tenham entrado em combustão e qualquer outro material que possa contribuir para coletar as provas”, concluiu o especialista.
Para o controlador de tráfego aposentado Myron José Coelho, o principal entrave para desvendar o caso está justamente na combustão. “As imagens do acidente mostraram muito fogo, que é o grande inimigo dos investigadores. Ele consome evidências que poderiam ser encontradas nos destroços e limita a profundidade da apuração”, disse.