Advogado de Augusto Heleno prepara defesa com 107 slides para julgamento

Matheus Mayer Milanez será o primeiro orador no julgamento desta quarta-feira; sessão será destinada às defesas

Ton Molina/STF
O general Augusto Heleno Foto: Ton Molina/STF

O advogado do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Matheus Mayer Milanez, deve focar a sua sustentação em 107 slides na retomada do julgamento da trama golpista nesta quarta-feira, 3. A apresentação foi autorizada pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, e tem como base informações que já constam nos autos do processo.

Heleno é acusado de auxiliar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano golpista, divulgando notícias falsas sobre o processo eleitoral e críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda afirma que Heleno tinha ciência do uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fiscalizar aliados de Bolsonaro.

Em conversas com jornalistas, Milanez confirmou que apresentará o documento, composto apenas por imagens. Ele garantiu que a apresentação terá uma hora de duração, tempo estipulado pelo presidente da Turma, ministro Cristiano Zanin.

O primeiro dia de julgamento foi destinado à leitura do relatório de Moraes, em que reforçou a independência do STF e a blindagem de interferências externas, em recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem usado a Suprema Corte para taxar produtos brasileiros em 50%. Já a PGR defendeu a condenação dos réus e disse que a reunião entre Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas já configura a articulação do golpe de Estado.

As defesas de quatro réus também apresentaram suas sustentações. São eles: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres. Ainda faltam as defesas de Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Souza Braga Netto.

O julgamento tende a durar até dia 12 de setembro, data que se deve definir a dosimetria das penas. Nos bastidores, há a expectativa da condenação do núcleo crucial do roteiro golpista, a dúvida é se o resultado será unânime ou 4 a 1 contra o grupo. A incógnita é o voto do ministro Luiz Fux, que já deu indícios de que poderá divergir do relator.