Em entrevista ao UOL, a advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos que trabalhavam para a Prevent Senior e que denunciam a conduta adotada pela empresa no tratamento de seus pacientes de Covid-19 durante a pandemia, revela que ouviu mais frases absurdas dentro da empresa para além da “óbito também é alta”, que ela expôs em depoimento à CPI da Covid no Senado.

Em seu depoimento à comissão, ela revelou que médicos relataram que a empresa orientava pela redução da quantidade de oxigênio a quem estava internado há cerca de duas semanas, levando-os à morte e liberando leitos em seus hospitais. O plano de saúde nega as denúncias.

Ao UOL, a advogada relata que ouviu de médicos que eram comuns justificativas como: pacientes já serem idosos e terem vivido muito ou que suas famílias não teriam como descobrir o que realmente aconteceu.

“Ouvi muitas vezes a expressão ‘não vale a pena investir’, quando se tratava de pacientes muito idosos. Investir em um tratamento tradicional, que seria a intubação e o acompanhamento desse paciente. ‘Já viveu o suficiente’ foi outra expressão muito triste que ouvi também. Ou ‘a família nunca vai descobrir'”, disse a advogada.

Ela afirma que um conjunto de provas que inclui mensagens e demonstram esse comportamento por parte de alguns profissionais já foi encaminhado às autoridades.

A Prevent Senior é acusada de pressionar médicos para a prescrição de remédios ineficazes contra a Covid-19 e por ocultar mortes de pacientes em decorrência da doença.

A Comissão apura a relação do plano de saúde com o chamado “gabinete paralelo” do Palácio de Planalto, que contava com médicos defensores do “kit Covid”, com medicamentos ineficazes para a doença, como a hidroxicloroquina e a azitromicina.

Esse grupo servia como conselheiro do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para as medidas a serem tomadas pelo governo durante a pandemia, e funcionaria paralelamente ao Ministério da Saúde.