Professores, médicos, farmacêutica, fisiculturista. O voo da Voepass Linhas Aéreas que partiu de Cascavel, no interior do Paraná, nesta sexta-feira, 9, levava pessoas para compromissos profissionais, outras que visitariam a família, uma voluntária no resgate de animais nas enchentes de Canoas (RS), um árbitro internacional de judô, entre outros. A queda do avião interrompeu bruscamente a vida de 61 pessoas – 4 tripulantes e 57 passageiros.

Entre as vítimas está Laiana Vasatta, advogada especialista em processos contra companhias aéreas. No Instagram, ela publicava orientações e dicas para passageiros que passam por problemas na hora de embarcar. Segundo o Jusbrasil, ao menos 90 ações foram movidas pela advogada contra empresas aéreas.

Além de advogada, Laiana era sócia de uma loja de roupas. Era noiva de Fábio Bigolin e filha de Jaime Vasatta, que tinha acabado de lançar sua pré-candidatura à vereador em Cascavel.

Outra vítima foi Silvia Cristina Osaki, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e médica veterinária. A universidade lamentou a morte da profissional. “É com profundo pesar que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) lamenta o falecimento da professora Silvia Cristina Osaki”, registra o comunicado, que também traz depoimentos de ex-colegas de Silvia.

“Sua dedicação à educação e à pesquisa, bem como seu compromisso com o desenvolvimento de nossos estudantes, deixará um legado que será lembrado por todos que tiveram o privilégio de trabalhar ao seu lado”, lamentou o diretor Wilson de Aguiar Beninca. O comunicado lembra que Silvia atuou como voluntária em Canoas no resgate de animais da enchente que assolou o Rio Grande do Sul.

Formada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Silvia fazia parte do quadro de professores da UFPR desde 2009. Atualmente, ministrava as disciplinas de Zoonoses, Epidemiologia Veterinária, Saúde Pública e Educação para Saúde no Setor Palotina, além de participar no Programa de Pós-graduação em Ciência Animal.

Professor

Outro professor universitário, Deonir Secco, também uma das vítimas, faria sua primeira viagem à Europa. Era o passeio dos seus sonhos, pela qual tinha esperado por décadas. O roteiro internacional fazia parte de um plano maior: desacelerar o ritmo de trabalho e aproveitar mais a vida, no momento em que passava dos 60 anos e se aproximava da aposentadoria.

Secco estava viajando sozinho porque a mulher, também professora, já tinha retomado as aulas. A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), local onde o professor Secco lecionava, publicou uma nota de pesar pela morte. Ele lecionava no curso de Engenharia Agrícola, câmpus de Cascavel. A universidade perdeu docentes e alunos também em outros câmpus.

Quem se lembra dos detalhes da vida de Secco é o professor Reginaldo Ferreira Santos, que leciona Meteorologia Agrícola. Eles eram amigos havia quase 40 anos e dividiam a mesma sala na Unioeste. “Não sei se eu usaria a palavra exigente para descrevê-lo, mas sim cuidadoso com tudo o que faz. Competente, ele se dedica muito à preparação das aulas. Ele se preocupa muito que os alunos tivessem uma boa formação”, relatou, ainda usando verbo no presente.

Árbitro de judô

O árbitro internacional de judô e professor universitário Edilson Hobold, de 52 anos, também está entre as vítimas. Sensei Hobold, como era conhecido nos tatames, era um “kondansha”, título que representa uma espécie de pós-graduação na arte marcial. A qualificação é concedida aos lutadores que alcançam altos níveis de mestria prática e teórica.

Em 1993, Edilson fundou a Associação de Judô Fujiyama, que funciona no município de Marechal Cândido Rondon, cidade onde ele vivia com a família, a 80 km de Cascavel. A entidade desenvolve parcerias com escolas e universidade das regiões, oferecendo aulas gratuitas da arte marcial.

Dedicando grande arte da vida ao esporte, Edilson conseguiu destaque como um dos árbitros mais importantes do País. Promovido a árbitro internacional Nível A, em 2011, em solenidade na Austrália, era reconhecido como o único paranaense a atingir o posto na história da Federação Paranaense de Judô.

O sensei arbitrou em competições como a Olimpíada Mundial Universitária, o Grand Slam de Judô, o Campeonato Mundial das Forças Armadas, Copa do Mundo de Judô e Campeonato Sul-Americano e Pan-Americano.

Além de sensei, Edilson era professor-doutor de educação física na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Na instituição, ele coordenava o projeto Futuro do Judô: iniciação e alto nível através do esporte social, voltado para alunos de nove a 17 anos. Em nota, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e Comitê Olímpico Brasileiro (COB) lamentaram sua morte.

Técnica de vôlei

A professora Isabella Santana Pozzuoli era técnica do time de vôlei de praia e representou o Rio de Janeiro nos Jogos Escolares Brasileiro (JEB’s) em 2022. A Federação de Esportes Estudantis do Rio de Janeiro emitiu uma nota em que lamentava a morte da professora.

“É com muita tristeza no coração que informamos o falecimento da Professora Isabella Santana Pozzuoli, técnica de Vôlei de Praia que representou o Estado do Rio de Janeiro nos JEB’S 2022. O Desporto Escolar está de luto! Nossa querida Isabella foi vítima do trágico acidente aéreo ocorrido hoje na cidade de Vinhedo SP. Nossos sentimentos aos familiares e amigos”, afirmou.

Diretor de transportadora

A Scania confirmou a morte de Antonio Zini Júnior, diretor de logística do grupo Pra Frente Brasil, transportadora sediada em Cascavel. Além dele, a esposa do administrador, a fisioterapeuta Kharine Gavlik Pessoa Zini, também estava no voo.

Em nota, a Scania afirmou lamentar o acidente e afirmou que o cliente era admirável e presente. “A Família Scania perde um casal especial e um cliente admirável, sempre presente conosco em muitos momentos”, disse a empresa.

O Cascavel Futsal, time em que Zini foi goleiro, também emitiu nota em que cita a carreira do administrador e afirma lamentar o acidente.

“Zini iniciou sua carreira no Tuiuti Esporte Clube e depois passou pelo Cascavel Futsal. Com grande futuro como atleta, ele optou em deixar as quadras para se dedicar as empresas da familia. O clube expressa a sua tristeza com a perda irreparável de um casal ainda jovem com um futuro imenso pela frente! Que Deus conforte e dê forças para sua família, amigos e colaboradores neste momento de dor profunda com uma perda irreparável”,

Farmacêutica

A farmacêutica Eliane Andrade Freire havia embarcado no voo da Voepass para visitar a família. Eliane trabalhava na Prati-Donaduzzi como supervisora de Garantia da Qualidade.

“Neste momento de imensa tristeza, transmitimos nossas condolências, além de oferecer todo o apoio aos familiares, amigos e colegas de trabalho”, afirmou a companhia em nota de pesar. “Eliane sempre será lembrada por sua dedicação e profissionalismo.”

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) também expressou pesar. “Com mais de 20 anos de experiência em garantia da qualidade, Eliane construiu uma sólida carreira, tendo atuado em diversas indústrias de renome, tanto no âmbito nacional quanto internacional”, elogiou o órgão.

Médicos

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), havia ao menos quatro médicos no voo. Estavam a caminho de um congresso de oncologia na cidade de São Paulo. De acordo com o Hospital do Câncer de Cascavel (UOPECCAN), duas das vítimas eram as médicas residentes Arianne Risso e Mariana Belim. Os nomes dos outros dois médicos não haviam sido confirmados.

Em nota, o CFM manifestou solidariedade às famílias das vítimas, afirmando que elas “estavam em busca de conhecimento e atualização, prática comum e necessária entre os membros da categoria”. “A trágica perda desses profissionais deixa de luto a medicina brasileira, cujos membros continuarão a honrar o legado dos que nos partiram de forma tão inesperada com seu compromisso com a defesa da saúde e da vida”, diz o comunicado.

O Conselho de Medicina do Paraná também se manifestou. “O CRM-PR expressa profundo pesar pelas vítimas envolvidas no trágico acidente aéreo ocorrido nesta sexta-feira (ontem)”, disse um post publicado nas redes sociais.

Fisiculturista

Um casal de Ubiratã (PR), Daniela Schulz e Hiales Fodra, embarcou ontem em Cascavel com os EUA como destino final. Mas os planos da fisiculturista Daniela e do seu marido, um engenheiro agrônomo, foram interrompidos pela tragédia em Vinhedo.

No perfil do Instagram de Daniela, também uma influenciadora digital com mais de 16 mil seguidores, ela relatou seus momentos antes do embarque. Daniela gravou stories do aeroporto afirmando que estava a caminho dos EUA para uma viagem com o marido. “Muitas horas de espera e de voo, mas se Deus quiser vai dar tudo certo”, disse na postagem.

Químico

O químico Luciano Trindade Alves também estava no voo que caiu em Vinhedo. Morador de São Bernardo do Campo, Alves retornava a São Paulo após agendas no Paraná.

“Neste momento de dor, a diretoria do Sindicato se solidariza com os familiares e amigos de Luciano e com a família das todas as vítimas deste terrível acidente”, afirmou o Sindicato dos Químicos do ABC.

Tripulantes

Danilo Santos Romano, 35 anos, comandante

O piloto com dez anos de experiência estava na Voepass desde novembro de 2022, onde começou como copiloto de ATR72, passando a comandante em julho de 2023, segundo informações de seu perfil em uma rede social.

Ele já havia atuado em outras companhias, entre elas a colombiana Avianca e a Air Astana, do Cazaquistão, e pilotado aeronaves maiores, como Airbus A320/A330, em rotas nacionais e internacionais. Colegas no piloto nessas empresas o descreveram como “dedicado”. Romano se formou em aviação civil pela Anhembi Morumbi em 2010. Era palmeirense e praticante de corrida, segundo postagens nas redes sociais.

Debora Soper Avila, 28 anos, comissária

Uma das comissárias de bordo, Avila era de Porto Alegre e trabalhava na Voepass desde março de 2023. Ela tinha formação em recursos humanos e já tinha trabalhado em outra companhia aérea, a Avianca, entre 2018 e 2019. Na rede social, se definia como “apaixonada por aviação”.

Humberto de Campos Alencar e Silva, 61 anos, copiloto

Silva estava na empresa há quase cinco anos e tinha mais de cinco mil horas de voo, segundo a Voepass.

Rubia Silva de Lima, 41 anos, comissária

Era de Ribeirão Preto (SP), cidade do interior onde está localizada a sede da companhia aérea. Redes sociais mostram fotos de viagens. Estava na companhia desde 2010. Foi agente de aeroporto e depois promovida a comissária, que era seu sonho, segundo afirmou o CEO da Voepass Eduardo Busch em coletiva nessa sexta-feira, 9.