O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse hoje (3) que os resultados do país nos últimos meses inspiram cuidados, mas que há expectativa de retomada do crescimento a partir de setembro. A avaliação foi feita no Seminário Reformas para o Crescimento, em Brasília. O seminário é organizado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O secretário lembrou que a produção industrial brasileira teve queda de 0,3% na passagem de junho para julho deste ano, o terceiro resultado negativo consecutivo. A perda acumulada no período chega a 1,2%, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada hoje (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Mais uma vez é um resultado que não agrada. Foi negativo. Os resultados de julho e agosto inspiram cuidados. Alguns resultados são bons, outros nem tão bons. Agosto é o fim de um período complicado na economia baileira. A partir de setembro teremos a volta de um crescimento um pouco mais sustentável de longo prazo”, disse, na abertura do evento. Ele ponderou que os desafios são muitos e a situação não vai melhorar “dia para a noite”. Para o secretário, o cenário fiscal, a baixa produtividade da economia e o cenário internacional “inspiram cuidado” e serão necessárias reformas estruturais para melhorar a situação.

O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que a “prioridade zero” do governo é resolver a situação fiscal. Ele criticou a rigidez do orçamento, com a maior parte de despesas obrigatórias. Rodrigues também citou a necessidade de reformas estruturais envolvendo os “segmentos macro, micro, agrícola e administrativa”.

O assessor econômico Regional para os Países do Cone Sul do BID, Fabiano Rodrigues Bastos, disse que o diagnóstico de que o crescimento das despesas obrigatórias precisam ser solucionado é acertado. Ele também falou sobre a reforma da Previdência que, segundo ele, passou a ser aceita pela sociedade. “A questão da reforma da Previdência foi uma discussão que a sociedade absorveu a necessidade de uma reforma. Esse tipo de compreensão é essencial para que reformas como essa possam ter a tração que a reforma da Previdência teve”, disse. Bastos citou ainda outra reforma em andamento, a tributária. Para ele, já existe “uma percepção mais disseminada na sociedade” sobre a necessidade da reforma tributária também.