Em algumas situações, ele esperava um morador abrir o portão e entrava em seguida, fingindo ser um vizinho. “Boa aparência e bem desinibido. Ele agia como se fosse um garoto rico”, afirmou o delegado Fábio Sanchez Sandrin.
Em outras situações, ele acenava para a portaria como se fosse conhecido dos funcionários. Quando era abordado, dizia, por exemplo, ser neto de algum morador e até ameaçava os porteiros. “Ele falava: ‘vou mandar meu pai te mandar embora, você não me conhece?’. Ele tem boa lábia, acaba sendo persistente e incisivo na conversa. Muitos funcionários acabam se retraindo e cedem”, disse o delegado.
Além da entrada, o adolescente demonstrava conhecer detalhes dos condomínios e agia de forma organizada. Sabia onde procurar os objetos de valor e, segundo testemunhas, era seletivo: levava joias, dinheiro vivo e relógios de grife, deixando para trás itens eletrônicos e objetos maiores.
Na maioria das vezes, ele agia sozinho, mas, em algumas outras situações, ele contava com o apoio de comparsas. De acordo com as investigações, o adolescente viajou para diferentes regiões do país para cometer os crimes. As ações foram registradas em ao menos seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso.
Entre os crimes registrados estão: furto de R$ 6 milhões em joias e dinheiro em Foz do Iguaçu (PR); roubo de três relógios, um anel de diamantes e US$ 1 mil em espécie em São Paulo; furto de cofres com US$ 30 mil e €10 mil (cerca de R$ 200 mil) em apartamento no Jardim Paulista.
A polícia afirma que ele comete crimes desde os 13 anos. Aos 14, foi apreendido após arrombar o cofre de um apartamento de uma médica e furtar joias e relógios avaliados em R$ 3 milhões. Ele cumpriu um ano e nove meses na Fundação Casa e voltou a agir após ser solto.
O adolescente morava sozinho em um apartamento de alto padrão e usava um carro de luxo durante os crimes. Segundo a polícia, parte do dinheiro era repassada a interceptadores que ajudavam no escoamento dos itens roubados.