Administrei mais uma vez meus medos

Administrei mais uma vez meus medos

Júlia Leão Foto Reprodução Aos 31 anos, Fernando Fernandes é o primeiro cadeirante brasileiro a saltar de pára-quedas sozinho com aterrissagem em solo. Os 12 mil pés percorridos em 45 segundos de queda livre, em Boituva ? interior de São Paulo ?, foram só um detalhe no salto que virou documentário inédito no país. ?Administrei mais uma vez meus medos, porque a ausência da perna trouxe um desconforto no momento. Quando a porta do avião abriu, esqueci das câmeras, das partes do meu corpo e senti que aquele era um dos minutos mais simbólicos na minha vida?, afirma Fernando. Para ele o curta O Salto, que será exibido no Rocky Spirit ? festival de cinema de aventura ao ar livre (mais informações abaixo) ? além de uma conquista pessoal é uma maneira de encorajar jovens com deficiência. ?Minha vida não mudou com a paralisia, hoje só faço as coisas de maneira diferente. Se eu consigo, todo mundo também pode?. Mesmo após o acidente de carro em 2009 que o deixou sem movimentos da cintura para baixo, o ex BBB e modelo segue com uma rotina de esportes radicais e olímpicos. Além do quadro Desafio Sem Limite, do programa Esporte Espetacular, Fernando é atleta de paracanoagem. Este ano ele foi tricampeão mundial na categoria velocidade e a modalidade fará parte dos jogos olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.?Sou muito esforçado e competitivo. Quero ser o melhor em tudo que faço?, esbanja o atleta. ?Para os Jogos no Rio de Janeiro quero concorrer com quem tem deficiência, mas também, porque não remar de igual para igual com quem não tem??. Em um papo exclusivo com Gente ele contou um pouco sobre o projeto cinematográfico e os planos para os próximos anos: Assista a um trecho do filme. Fale sobre o documentário? Essa experiência foi uma relação muito indireta com a câmera, então não me senti como ator, até porque não dá para atuar saltando de tão alto (risos). Foi vida real mesmo. Tudo começou antes do meu acidente. Estava fazendo curso de pára-quedismo e já tinha feito alguns saltos. Depois de descobrir que tinha perdido os movimentos da perna a primeira coisa que me veio à mente foi que não poderia voar nunca mais. Descobri que na Austrália tem várias pessoas com deficiência que saltam. Você teve medo? Sim, mas administrei mais uma vez meus medos, principalmente porque a ausência da perna trouxe um desconforto no momento. Quando a porta do avião abriu, esqueci das câmeras, das partes do meu corpo e senti que aquele era um dos minutos mais simbólicos na minha vida. E a canoagem, como tem sido praticar o esporte? A canoagem é o que me dá qualidade de vida. O esporte trouxe de volta minha auto-estima, mostrou que as barreiras podem ser quebradas e mesmo quem é desfavorecido (seja em qualquer âmbito da vida) pode ter uma vida melhor. Um sonho de vida? Sonho de vida é ter filhos, mas não agora. No momento quero continuar competindo, seguir com meu quadro Desafio Sem Limite, no programa da Globo Esporte Espetacular – em que pratico esportes de aventura em diversas modalidades ? e pretendo montar um instituto de treinamento de canoagem para deficiente. Lá quero proporcionar o esporte e todo o suporte para que as crianças e jovens tenham bem-estar. Rocky Spirit 2012 ONDE: Parque do Ibirapuera ? Portão 3 QUANDO: 21 a 23 de setembro. Sexta das 20h às 23h / sábado e domingo das 19h às 23h. QUANTO: entrada gratuita Siga Gente no Twitter!