O anúncio pela Federação Alemã de Futebol (DFB) de um novo contrato com a Nike a partir de 2027, em detrimento de sua parceira histórica Adidas, mostra até que ponto o gigante americano ganha terreno na batalha entre estas duas grandes marcas esportivas.

. Brasil: o ‘caso Ronaldo’

Foi a primeira grande operação futebolística da Nike. Nos anos 1990, a empresa americana conhecida por sua forte presença no mundo do basquete com ícones como Michael Jordan, voltou seus olhares para o futebol e, em 1996, assinou um contrato de dez anos com a Seleção Brasileira, aproveitando para atrair o astro Ronaldo.

Um primeiro passo no futebol que foi seguido por uma polêmica, na Copa do Mundo de 1998. Antes da final contra a França, o atacante brasileiro sofreu uma convulsão e rumores apontavam que a marca esportiva o teria forçado a entrar em campo.

O Brasil foi derrotado por 3 a 0 e muitos responsabilizaram a Nile.

. Inglaterra: porta de entrada para a Europa

A Umbro era marca que historicamente vestia a seleção da Inglaterra. Essa empresa nacional, criada em 1924, acompanhou os ‘Three Lions’ em seu único título mundial, em 1966, em casa.

Os resultados da Umbro não convenciam depois da Copa de 2006 e, dois anos depois, a marca foi comprada pela Nike.

A empresa americana se tornou então a fornecedora de vários grandes clubes ingleses e da seleção desde 2013. Essa porta de entrada para a Europa lhe permitiu competir frente a frente com a Adidas, então líder no mercado do futebol.

. França: um novo grande golpe

Gola branca, listras tricolores e logo da Adidas no centro: a camisa da seleção francesa de 1998 tornou-se uma peça lendária no país após o primeiro título mundial.

Em 2008, a Federação Francesa de Futebol (FFF) abriu um prazo de apresentação de ofertas para vestir suas equipes e a Nike participou.

Era a oportunidade ideal para continuar avançando no futebol, depois da compra da Umbro. Com uma proposta de 320 milhões de euros (R$ 817 milhões, na cotação da época) para um contrato de sete anos, a Nike superou a concorrência da Adidas, que fornecia os uniformes da França desde 1972, e passou a vestir os ‘Bleus’ a partir de 2011.

Brasil, Inglaterra e França: a Nike tinha em sua conta três das principais seleções do mundo.

. Alemanha: a última grande batalha

Depois de quatro títulos mundiais e 70 anos de parceria, a marca alemã Adidas perdeu o contrato com a seleção de seu país. E a ganhadora do mesmo é foi Nike, que assinou acordo para o período 2027-2034.

O impacto é enorme para a Adidas e gera debate na Alemanha desde quinta-feira pelo fim de uma relação que parecia indestrutível e cuja história se remonta inclusive ao primeiro Mundial conquistado pela ‘Mannschaft’, em 1954.

O grupo Adidas, cujo contrato com a Federação Alemã de Futebol (DFB) vai até o final de 2026, confirmou de forma lacônica e resignada que a parceria não será renovada.

A marca continuará vestindo a Alemanha na Eurocopa deste ano em casa e no Mundial de 2026, se a equipe se classificar.

. Espanha e Argentina: fiéis à Adidas

Com a Espanha, o acordo com a Adidas dura 30 anos sem interrupção. Nas fotografias da ‘Roja’ erguendo o troféu da Copa do Mundo de 2010, aquela geração de Iker Casillas, Andrés Iniesta, Xavi Hernández e companhia vestia Adidas.

Mais antigo ainda é o início da relação da marca com a Argentina, aonde chegou em 1974, mas entre mudanças foi difícil se impor sobre os concorrentes e conseguir estabilidade. No Mundial de 1986, por exemplo, quando Diego maradona fez história, a marca era a Le Coq Sportif.

A Adidas foi patrocinadora oficial da ‘Albiceleste’ em outros dois títulos mundiais, os de 1978 e 2022.

Além disso, desde 2006 a marca tem com o astro argentino Lionel Messi um de seus principais contratos.

Depois de perder a parceria com a Alemanha, Argentina e Espanha parecem ser as duas seleções mais relevantes para a Adidas.

. Itália: vitória da Adidas após idas e vindas

A primeira grande marca esportiva da seleção da Itália foi a Adidas, em 1974. Mas nos quatro títulos mundiais italianos, a Adidas nunca foi a empresa que vestia a ‘Azzura’.

O único consolo para a marca alemã é que a Nike tampouco foi, apesar do acordo que conseguiu para ser a fornecedora da Itália na Copa do Mundo de 1998.

Em 2006, no último título mundial italiano, foi a Puma que acompanhou a campanha da equipe de Marcello Lippi. Em 1982, foi a Le Coq Sportif.

A Adidas voltou a ser a fornecedora da Federação Italiana de Futebol (FIGC) a partir de 2023.

lvi/cyj/dr/pm/cb