Adiar libertação de palestinos põe trégua em risco, diz Hamas

ROMA, 23 FEV (ANSA) – O grupo fundamentalista islâmico Hamas criticou neste domingo (23) a decisão de Israel de adiar a libertação de 602 prisioneiros palestinos no âmbito do cessar-fogo na Faixa de Gaza e disse que a medida coloca a trégua em risco.   

Os detentos seriam soltos em troca dos seis israelenses libertados pelo Hamas no último sábado (22), porém o governo do premiê Benjamin Netanyahu postergou sua parte no acordo até que a milícia islâmica se comprometa a não tratar mais os reféns de forma “humilhante”.   

Em comunicado, o Hamas cobrou que os mediadores pressionem Israel a cumprir o pacto de cessar-fogo e negou as acusações sobre o tratamento dos reféns. “A cerimônia de entrega dos prisioneiros não inclui nenhum insulto, e sim reflete o tratamento nobre e humano reservado a eles”, disse o grupo.   

Desde o início da trégua, em 19 de janeiro, o Hamas tem exibido os reféns em palcos na Faixa de Gaza antes de entregá-los à Cruz Vermelha. No último sábado (22), um dos israelenses, Omer Shem Tov, se mostrou sorridente e chegou a dar beijos nas testas de dois combatentes islamistas. De acordo com a imprensa de Israel, Shem Tov apenas “cumpriu ordens dos terroristas”.   

Até o momento, o Hamas já restituiu 25 reféns israelenses vivos no âmbito do cessar-fogo, além de cinco tailandeses e quatro corpos de sequestrados mortos, incluindo os irmãos Ariel e Kfir Bibas, que tinham quatro anos e nove meses de vida, respectivamente, quando foram raptados nos atentados de outubro de 2023, e a mãe dos meninos, Shiri Bibas.   

A primeira fase da trégua termina em 1º de março, mas o Hamas ainda terá cerca de 60 reféns sob cativeiro na Faixa de Gaza.   

Cisjordânia – Paralelamente, o Exército israelense deslocou tanques de guerra para a Cisjordânia ocupada pela primeira vez desde 2022.   

As tropas realizaram uma operação “antiterrorismo” no território palestino e forçaram a evacuação de cerca de 40 mil pessoas de campos de refugiados em Jenin, Tulkarm e Nur Shams.   

“Não voltaremos à realidade do passado. Continuaremos a desalojar os campos de refugiados e outros centros terroristas do Islã extremista”, disse o ministro da Defesa israelense, Israel Katz. (ANSA).