O adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 para 2021 terá forte impacto na saúde financeira do Comitê Olímpico Internacional (COI) e das federações internacionais. Apesar de o COI possui mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões) em reservas, muitas federações, principalmente as menores, devem sofrer com a nova data do evento.

Isso porque o COI redistribui para as federações 90% de sua receita. Nos Jogos Rio-2016, por exemplo, a receita foi de US$ 5,7 bilhões (R$ 28,6 bilhões). Um primeiro pagamento a cada federação seria realizado já em setembro. Com o adiamento para o ano que vem, federações que enfrentam problemas financeiros podem ter de recorrer a empréstimos.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 vão reunir 33 federações (os 28 esportes mais tradicionais e outros cinco novos – surfe, caratê, escalada, skate e beisebol/softbol), que também tinham campeonatos continentais ou intercontinentais programados para 2021. Desde a criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, em 1896, nunca o evento precisou ser adiado. A organização dos Jogos só foi impossibilitada pelas duas Guerras Mundiais, que provocaram o cancelamento das edições de 1916, 1940 e 1944.

De acordo com especialistas, o custo adicional para o governo local com o adiamento pode chegar a US$ 2,7 bilhões (R$ 13,5 bilhões). O Japão já investiu US$ 12 bilhões (mais de R$ 60 bilhões) no evento. O impacto total da mudança ainda está sendo avaliado, pois será necessário negociar com locais de treinamento, empresas de logística e outros fornecedores.

Entre os problemas de logística do COI com o adiamento dos Jogos está a questão da Vila Olímpica, que deve receber 11 mil atletas em apartamentos que, em muitos casos, já tinham sido vendidos. Estes alojamentos, situados em uma zona valorizada de Tóquio, estavam programados para serem rapidamente transformados em 4 mil apartamentos após os Jogos, alguns deles a um preço de venda de US$ 1,5 milhão (R$ 7,5 milhões).